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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Há muitos cúmplices nesse genocídio

Nessa história triste foram inúmeras as condutas reprováveis comissivas por omissão

Por Jorge Pontes
Atualizado em 22 mar 2021, 21h13 - Publicado em 22 mar 2021, 20h57

“Quem poupa o lobo sacrifica as ovelhas”, a célebre frase do escritor e poeta francês Victor Hugo nunca guardou aplicação tão perfeita como no momento atual, em relação às inúmeras omissões do Congresso Nacional e de outros importantes atores – de quem podíamos esperar alguma reação – no que diz respeito à conduta catastrófica de Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Temos um presidente da República que relutou desde o início em relação à vacinação, desperdiçando um tempo precioso para aquisição de vacinas no mercado internacional, errando tanto no prazo como nas quantidades de imunizantes que atendessem a contento as nossas urgências e aplacassem o sofrimento do povo.

Para piorar, incentivou as aglomerações e a não utilização de máscaras, além de ter propagandeado tratamento precoce com o emprego de remédios sem qualquer comprovação científica. E para aprofundar os problemas (ou quem sabe, para aperfeiçoar seus planos) Bolsonaro trocou dois médicos na pasta da Saúde por um general pau mandado.

O presidente anti-vacina acabou agindo como o anti-saúde ou como o anti-vida. Quem estivesse interessado na propagação do vírus aparentemente não agiria de outra maneira.

Por isso há hoje quem já desconfie de que tantos tiros na água não tenham sido tão somente as pixotadas de um conhecido negacionista.

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Enfim, todas essas condutas frontalmente contrárias ao recomendado pela ciência não teriam passado de parte de uma estratégia equivocada de governo, que teria sido operada de cabeça pensada com o objetivo de terminar o mais rápido possível com a pandemia. Uma catástrofe anunciada que o presidente temerariamente teria optado por pagar pra ver.

Desde março de 2020 Bolsonaro teria apostado na imunidade de rebanho. Essa teria sido sempre a sua estratégia. Tratou seres humanos como bois e vacas e assumiu o risco de encarar a perda de milhares de vidas de brasileiros como uma variante fria na equação do reaquecimento da economia, com os olhos apenas na viabilização de sua reeleição.

A coisa pode ter sido de fato ainda pior do que aparenta.

E onde estava o Congresso Nacional que nada fez para impedir tamanhos desatinos? O que fez Rodrigo Maia – e o que fará Artur Lira – com todos os pedidos de impeachment interpostos durante esse período?

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Nessa história triste foram inúmeras as condutas reprováveis comissivas por omissão.

Para completar a sequência de eventos desencontrados, o ministro da Economia Paulo Guedes disse nesses dias que “a vacinação é a melhor política fiscal, mais barata e de maior impacto”. Guedes fez sua declaração com um atraso de 300.000 vidas perdidas. Ou na Escola de Economia de Chicago não se ensina a contar os mortos?

A turma da Faria Lima finalmente acordou, talvez depois de tomar conhecimento de que as vagas nas UTIs dos hospitais Sírio e Libanês e Einstein terminaram, e resolveu também fazer uma “dura carta aberta”, mas que igualmente chegou com o mesmo atraso de 300.000 mortos.

Como pode o Brasil seguir adiante com esse presidente da República? O que pode haver de mais urgente e necessário, para nos livrarmos do atraso e seguirmos em frente, do que o afastamento de Jair Bolsonaro do poder? Vamos esperar bater o meio milhão de mortos para fazer alguma coisa?

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Pragmatismo político ou econômico tem limites.

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