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Por Coluna
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Um Senhor Estagiário

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jan 2017, 16h02 - Publicado em 24 set 2015, 02h34

Uma comédia com dor nas juntas.

Robert De Niro nunca foi de sorrir muito em cena. Então é possível que seja isso, a falta de prática, que faz com que os sorrisos amáveis dele em Um Senhor Estagiário pareçam aquela cara de agonia que a gente faz quando está com refluxo gástrico. Ou vai ver que é mesmo gastura com a direção de Nancy Meyers.

Tanto Robert De Niro quanto Anne Hathaway às vezes são de mandar a interpretação deles por WhatsApp (outras vezes, arrasam), mas nem por isso eles merecem isto aqui: um filme tolo, antiquado, sem dentes, que parece campanha institucional rejeitada pela prefeitura. Viúvo e chateado com a aposentadoria, Ben (De Niro), de 70 anos, se candidata a uma vaga de estagiário na start-up de Jules (Hathaway), de e-commerce de roupas. É mais uma iniciativa de relações-públicas que um programa sério de integração de gente de mais idade. Mas lá vai Ben, que durante décadas foi executivo de uma empresa de listas telefônicas (ele é antigo, entenderam?), pegar café para Jules, arrumar a bagunça que o pessoal faz no meio do escritório e oferecer conselhos sensatos sobre tudo e qualquer coisa aos colegas, que têm idade para serem seus netos mas se encantam com suas ideias tão originais (por exemplo, conversar pessoalmente. Jura que não dava para pensar em outra coisa menos batida, Nancy?).

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O que o filme diz que está fazendo é mostrar que experiência não equivale a hábito ultrapassado, mas é um patrimônio que se costuma equivocadamente desperdiçar. O que o filme faz é outra coisa: no roteiro de Nancy Meyers, curiosamente, Ben não tem nenhum insight empresarial a oferecer; a experiência profissional dele, pelo jeito, realmente é irrelevante no mundo de Jules. Ele conquista o respeito e a confiança da chefe por motivos muito louváveis, porém estritamente pessoais: tem os bons modos e a cortesia típicos de pessoas da sua geração (aprovo totalmente), tem tempo e paciência para ouvir, tem afeto para oferecer. É, enfim, a figura paterna que falta na vida da doce porém neurótica e dividida Jules. De onde se pode presumir que, se ela não fosse neurótica e dividida e não precisasse de uma figura paterna, Ben não teria a menor utilidade para ela e continuaria lá, esquecido na mesa dos estagiários, enrolando até o expediente terminar.

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Abomino esse tipo de paternalismo, e também não tenho a menor paciência para com roteiro preguiçoso, sem carpintaria. Nas primeiras cenas, Jules tem mania de andar de bicicleta pelo escritório: ela é moderna! Estabelecido esse ponto, ninguém nunca mais fala em bicicleta. A mesma coisa com duas tramas paralelas aborrecidíssimas sobre uma traição conjugal e o dilema de contratar ou não um CEO para a empresa: estão lá para fingir que há “conflitos” e para preencher o tempo regulamentar, mas não avançam a história nem trazem nenhuma informação nova sobre os personagens. Nancy Meyers, enfim, continua exatamente a mesma Nancy Meyers de sempre, de Do que as Mulheres Gostam, Alguém Tem que Ceder, O Amor Não Tira Férias etc.: vive recauchutando aquele feminismo singelinho, não tem uma ideia diferente, dirige na base da tentativa e erro. Experiência não envelhece. Já esse jeito de fazer filmes, sim.


Trailer


UM SENHOR ESTAGIÁRIO
(The Intern)
Estados Unidos, 2015
Direção: Nancy Meyers
Com Robert De Niro, Anne Hathaway, Rene Russo, Andrew Rannells, Adam DeVine, Zack Pearlman, Anders Holm
Distribuição: Warner
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