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Por Coluna
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‘Projeto Gemini’: O pior inimigo

No filme, Will Smith é caçado por uma versão jovem dele próprio. O diretor Ang Lee realiza uma proeza técnica executada à perfeição, mas carente de emoção

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 out 2019, 11h15 - Publicado em 11 out 2019, 06h00

Motocicletas são perigosas, mas Projeto Gemini (Gemini Man, Estados Unidos/China, 2019), já em cartaz no país, redefine essa noção: numa rua de Cartagena, na Colômbia, o agente de campo e assassino profissional Henry Brogan (Will Smith) é espancado por uma moto, que um piloto misterioso lança contra ele repetidas vezes, a toda a velocidade e em manobras quase impossíveis. É uma dessas cenas que atestam a criatividade virtualmente inesgotável do cinema para coreografar ação — e que tem o impacto acentuado pela imagem ultra­nítida obtida pelo diretor Ang Lee. Um entusiasta das tecnologias cinematográficas (seu penúltimo filme, As Aventuras de Pi, movimentou o mercado mundial de criação digital em 2012), o taiwanês Lee rodou este novo trabalho em 3D+, sistema em que as imagens são captadas a 120 quadros por segundo e projetadas a sessenta quadros por segundo (o normal, tanto na captação quanto na projeção, é a taxa de 24 quadros por segundo). O resultado é uma imagem de definição tão aguçada e repleta de detalhes que parece engomada e passada a ferro. Superado o estranhamento inicial, porém, a expe­riência de assistir a Gemi­ni se torna imersiva — e, infelizmente, não muito mais que isso.

Depois de 25 anos na ativa, Brogan decide se aposentar. O sonho, entretanto, não dura um dia: um sujeito caviloso do seu passado (Clive Owen) e o próprio governo para o qual ele trabalhou a vida inteira começam a caçá-lo e a qualquer pessoa próxima dele, como a agente Danny (a cativante Mary Elizabeth Winstead). Para matar um atirador eficientíssimo, porém, é preciso um assassino à altura — que Brogan, perplexo, descobre ser uma cópia dele mesmo, mas com metade da idade e o dobro do vigor. Ang Lee foi sempre um cineasta voltado para o conflito entre o que vai no íntimo e o que se apresenta em público, um dilema que ele explorou com discernimento notável em Razão e Sensibilidade (1995) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005). O encontro de um homem com seu eu jovem, portanto, deveria ser um prato cheio para ele. Mas as exigências técnicas de Gemini parecem ter desviado sua atenção. É tudo perfeitamente executado, mas vazio de emoção.

Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656

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