Inverno: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Adam Sandler é maior até do que ele mesmo imagina em “Joias Brutas”

Depois de virar Robert Pattinson do avesso em “Bom Comportamento”, os irmão Safdie agora levam o comediante ao limite em filme da Netflix

Por Isabela Boscov 7 fev 2020, 17h18

Howard Ratner é joalheiro da Rua 42, em Nova York, não resiste a um trambique e é apostador compulsivo. Está até o pescoço em dívidas com um pessoal barra-pesada – incluindo-se seu cunhado, que conhece muito bem seus rolos –, e está se fiando numa daquelas miragens que costumam atrair gente como ele: uma opala enorme e rara garimpada na Etiópia, que ele acaba de receber em contrabando e que pretende pôr em leilão, calculando que ela vá lhe render uma fortuna. O problema – um dos muitos problemas, na verdade – é fazer o relógio andar rápido para receber o dinheiro, e devagar para ele pagar o que deve. Como essa mágica não existe, e como cada personagem que entra na história só aumenta o enrosco de Howard (não que ele precise de ajuda externa para se enroscar; o sujeito é um trem descarrilado), está claro que nada disso vai acabar bem. O que destaca Joias Brutas, porém, não é a quase certeza de que Howard vai bater no fundo do precipício; é a maneira convulsiva como os diretores, os irmãos Benny e Josh Safdie, filmam cada etapa da sua queda. E o que é verdadeiramente extraordinário é o desempenho que eles arrancam de Adam Sandler – uma atuação instintiva, desesperada e que deve ter sido emocionalmente exaustiva, porque o estilo dos Safdie é um rolo compressor: não para nunca e se avoluma e se agrava em taxas alarmantes enquanto eles literalmente perseguem o personagem com a câmera e às vezes abafam a voz dele com a trilha desencontrada, cheia de sintetizadores retrô. Mais do que um filme, é um ataque.

Joias Brutas
(Netflix/Divulgação)

Joias Brutas é o quarto longa dos Safdie, mas eles chamaram muito a atenção dois anos atrás por causa de Bom Comportamento, em que submeteram Robert Pattinson a esse mesmo método de trituração. Pattinson já vinha buscando muito aplicadamente se expandir e se flexionar como ator, mas os Safdie fizeram mais por ele do que qualquer outro diretor: eles de fato o viraram do avesso, e o resultado está aí – um baita ator, que na fase de Crepúsculo ninguém supunha existir ali dentro. Quanto a Adam Sandler, esta não é a primeira vez que ele dá mostras de grande talento. Paul Thomas Anderson fez maravilhas com ele em 2002, em Embriagado de Amor, e ele se saiu bem também em Espanglês, em 2004, com uma performance muito doce e até delicada. Mas fazia muito, muito tempo que Sandler estava acomodado – eu diria até refestelado – em uma veia preguiçosa de comédia, da qual ele não precisa sair porque o eleitorado dele é grande o suficiente para garantir o seu conforto. Se estava à cata de um chacoalhão, então, Sandler achou o maior de todos eles com os Safdie, que tiram do personagem e também do ator qualquer controle, metem-no numa maratona e fazem a angústia, a aflição e a raiva subirem à superfície do jeito que vierem – desordenamente e aos borbotões. Não é um desempenho técnico nem lapidado. É de fato uma pedra bruta, cheia de arestas e de imperfeições. E também de beleza.


Trailer

Continua após a publicidade

JOIAS BRUTAS
(Uncut Gems)
Estados Unidos, 2019
Direção: Benny e Josh Safdie
Com Adam Sandler, Eric Bogosian, Julia De Fiore, Lakeith Stanfield, Kevin Garnett (como ele mesmo), Idina Menzel, Judd Hirsch
Onde: na Netflix
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
OFERTA INVERNO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.