Pares de ases: as 10 melhores duplas do cinema e da TV em 2019
Melhor do que ser um grande ator ou uma grande atriz é ter um desafiante à altura, como nestas parcerias notáveis do ano que passou
Phoebe Waller-Bridge e Andrew Scott em Fleabag
Seja qual for a cena, a criadora/roteirista/protagonista Phoebe Waller-Bridge arrasa no papel da bagaceira mas afiadíssima Fleabag da série da Amazon, que fala, bebe e apronta demais. Na segunda (e última!) temporada, porém, a personagem ganhou camadas e camas de profundidade ao conhecer o padre gato interpretado pelo sempre infalível Andrew Scott. A química entre os dois é tão intensa que tem-se a nítida sensação de que mesmo os atores não sabem para onde estão sendo levados por ela.
…e Phoebe Waller-Bridge e Sian Clifford em, de novo, Fleabag
Tudo que Fleabag tem de inconsequente e irreponsável, sua irmã mais velha, vivida pela genial Sian Clifford, tem de reprimida e eficiente. Elas não se aguentam, e não vivem uma sem a outra. É um amor impossível, enfim. Mas nem por isso é menos amor.
Leonardo DiCaprio e Julia Butters em Era Uma Vez em… Hollywood
Ex-astro de seriados de faroeste na TV, Rick Dalton está em decadência e nem sabe mais por que continua insistindo nas participações como vilão em seriados alheios. Eis que, enquanto bebe umas e outras no set aguardando a hora de ser chamado, ele puxa conversa com a menina de 9 anos que irá contracenar com ele, e se redescobre: no jogo com a garota, a cena resulta sensacional, e Dalton palpita de emoção com o que foi capaz de atingir. A seguríssima Julia Butters, de Transparent, é mesmo uma força – e, no jogo com ela, também DiCaprio se transforma, dentro e fora do filme.
Aaron Paul e Robert Forster em El Camino
Desesperado para escapar e nunca mais ser visto, Jesse Pinkman vai procurar um contato capaz de fazê-lo sumir: o velho e gentil dono de uma loja de aspiradores de pó – e descobre que o sujeito é um osso muito mais duro de roer do que aparenta. Fabulosamente bem escrito, o toma-lá-dá-cá entre os dois é o último trabalho do veterano Robert Forster, que morreu, aos 78 anos, um dia antes do longa de Breaking Bad estrear na Netflix. Mas que cena, e que despedida.
Anthony Hopkins e Jonathan Pryce em Dois Papas
Há anos rodando no piloto automático, Anthony Hopkins se reenergiza no combate com Jonathan Pryce: tão diferentes entre si quanto os papas Bento XVI e Francisco, os dois atores reagem aqui um ao outro, momento a momento, com uma infinidade de nuances. Na direção, Fernando Meirelles só prepara o terreno e deixa acontecer.
Cillian Murphy e Sam Claflin em Peaky Blinders
De marginal pé-de-chinelo da Birmingham pós-I Guerra a figura dos altos escalões do poder, o gângster Tommy Shelby, interpretado por Cillian Murphy, é uma força da natureza. Nesta quinta temporada, porém, Tommy pela primeira vez sentiu medo – de Oswald Mosley, fundador da União de Fascistas da Inglaterra, personagem verídico que Sam Claflin encarna com precisão notável e gana assombrosa. Um verdadeiro duelo.
Charlize Theron e Seth Rogen em Casal Improvável
Há opostos que se atraem, outros que se complementam – e alguns que foram feitos um para o outro. O título desta comédia romântica diz tudo: de início, é difícil pensar em combinação mais improvável que a da formidável Charlize com o largadão Seth. No fim, é difícil pensar em dupla que produza mais faísca do que esta.
Matt Damon e Christian Bale em Ford vs Ferrari
Dois grandes atores, mas de estilos antípodas, Damon e Bale se afinam às mil maravilhas nesta delícia de filme dirigido pelo James Mangold de Logan: quanto mais seus personagens batem cabeça, mais evidentes ficam o afeto e admiração mútua entre eles.
Christina Applegate e Linda Cardellini em Disque Amiga para Matar
É comédia ou é drama? Christina e Linda, versadas em uma coisa e na outra, mostram que não há necessidade de decidir: como duas mulheres que se aproximam mais por estarem em um momento crítico do que por terem algo em comum, as duas atrizes injetam ânimo no sempre muito usado e abusado retrato da amizade feminina.
Michael Douglas e Alan Arkin em O Método Kominsky
Envelhecer não tem graça nenhuma – pelo menos para quem envelhece. Para quem assiste a esse deleite de série criado pelo Chuck Lorre de Two and a Half Men (e, de novo, inspirado no Um Estranho Casal de Jack Lemmon e Walter Matthau), os prazeres são incontáveis. O magistral Alan Arkin conduz a valsa, Michael Douglas segue de bom grado.