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Por Coluna
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Para descobrir: 6 achados na Netflix e na Amazon

Mafiosos se escondem na França, uma equipe tenta salvar a Terra, inadimplentes são despejados de suas casas: meia dúzia de sugestões certeiras

Por Isabela Boscov Atualizado em 16 ago 2020, 01h31 - Publicado em 15 ago 2020, 20h42

O Núcleo – Missão ao Centro da Terra

Onde: Netflix

Por algum motivo – casualidade? acidente? terrorismo? – a rotação do núcleo da Terra desacelerou até o ponto em que o planeta corre o risco de virar pipoca no forno de microondas: sem o escudo eletromagnético que o protege da radiação solar, ele será assado. Enquanto isso não acontece, as catástrofes vão se sucedendo na superfície. É preciso fazer o núcleo pegar no tranco de novo, viajando até o centro da Terra para detonar uma explosão nuclear – missão corajosamente assumida pela comandante Hilary Swank e sua equipe de cientistas e/ou militares, composta por Bruce Greenwood, Aaron Eckhart, Delroy Lindo, Tcheky Karyo e Stanley Tucci. Um baita elenco, uma bobagem sem tamanho – mas que sabe sê-lo e abraça a ideia com honestidade, sem ironia, à moda das ficções científicas B dos anos 50. É ajustar as expectativas e divertir-se.

O Núcleo – Missão ao Centro da Terra
The Core, 2003 (Paramount/Divulgação)

99 Casas

Onde: Netflix

Só pelas cenas em que as pessoas irradiam desespero ao ser despejadas de suas casas, este filme já seria um caso à parte: quando o agente imobiliário Rick Carver (Michael Shannon) aparece à porta acompanhado da polícia, deflagra-se sempre o mesmo processo – mulheres tentam barrar a entrada dos policiais; homens saem correndo para telefonar para o advogado; crianças são empurradas para dentro; vizinhos vão espiar a confusão. O resultado, porém, é inevitável: cinco minutos para recolher itens de primeira necessidade e, depois, 24 horas para resgatar os móveis e pertences despejados no meio-fio. O diretor Ramin Bahrani, porém, tem mais em mente do que essa coreografia brutal da crise econômica e do dominó das hipotecas. Uma das primeiras pessoas que se vê passando por essa humilhação é Dennis Nash (Andrew Garfield), pai solteiro desempregado, jovem e que, apesar da aparência pouco intimidadora, tem fibra e brio. Dennis não perde a calma, segura sua mãe (Laura Dern), insiste em acompanhar o desmonte da casa, percebe que um dos sujeitos da equipe afanou uma ferramenta sua, vai cobrar uma atitude de Rick Carver – que percebe que o competente Dennis seria um acréscimo providencial à sua equipe. Shannon e Garfield tiram faísca um do outro, e a direção de Bahrani é tensa, cheia de ritmo e de crise.

99 Casas
99 Homes, 2014 (Flashstar/Divulgação)

Cinema, Aspirinas e Urubus

Onde: Netflix

É 1942, e o paraibano Ranulpho Gomes está tentando fugir da seca rumo ao Sudeste. O alemão Johann, enquanto isso, está cuidando de se embrenhar no sertão, onde vive de vender um remédio novo — a aspirina — e se põe a salvo da II Guerra Mundial. O azedo Ranulpho e o expansivo Johann se encontram, passam a viajar juntos e protagonizam, assim, um road movie dos mais simples e eficazes, valorizado pelo argumento original, pelo roteiro robusto (co-assinado pelo Karim Aïnouz de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão) e pelo trabalho dos atores Peter Ketnath e João Miguel — cuja carreira muito merecidamente deslanchou a partir daí. Curiosidade: o verdadeiro Ranulpho é tio-avô do diretor Marcelo Gomes, que desenvolveu o filme a partir de um incentivo recebido do governo holandês.

Cinema, Aspirinas e Urubus
Cinema, Aspirinas e Urubus, 2005 (Imovision/Divulgação)

A Família

Onde: Amazon Prime Video

Robert De Niro é Giovanni Manzoni, mafioso que anos antes dedurou seus parceiros de crime e desde então vive no programa de proteção a testemunhas do FBI, rodando de localidade em localidade: tanto ele como a mulher, Maggie (Michelle Pfeiffer), e os filhos, Belle e Warren (Dianna Agron e John D’Leo), não perdem os maus hábitos, e volta e meia têm de ser arrancados às pressas de seus esconderijos pelo resignado agente Stansfield (Tommy Lee Jones). Já na sua primeira semana numa cidadezinha da Normandia francesa, eles mandam ver. Giovanni quebra as pernas de um encanador, Maggie ateia fogo a um mercado, Belle espanca um garoto com uma raquete e Warren chantageia e extorque colegas de escola: os Manzoni não são de deixar desaforo sem troco, e em geral o troco é bem maior que o desaforo. A moral da história é que essas pessoas gostam de ser o que são e não pretendem deixar de sê-lo. Veja-se, por exemplo, a cena fabulosa em que Giovanni vai ao cineclube local para uma sessão de Os Bons Companheiros (no qual De Niro tinha um dos papéis principais) e regala a audiência com anedotas da máfia. Depois de um período fraco, o diretor francês Luc Besson recuperou aqui o apetite e a verve.

A Família
The Family, 2013 (Paris/Divulgação)

O Hóspede

Onde: Netflix

David bate à porta da família Peterson dizendo ser amigo de batalhão do filho mais velho, morto em combate. A mãe o recebe de braços abertos. O pai não gosta muito da ideia de ter um desconhecido em casa, mas acaba se rendendo ao jeitão respeitoso dele. O filho mais novo adora o hóspede, especialmente depois que este dá um jeito nos bullies da escola. A filha do meio, porém, não se convence: há algo em David que é muito estranho. Claro que há: o diretor Adam Wingard e o roteirista Simon Barrett (a mesma dupla do muito inferior Você É o Próximo, de 2011) nem tentam disfarçar que David evidentemente é um psicopata. Ao contrário: a graça está na maneira como eles escancaram a ideia até ir encostando na paródia. Se Drive e o Teorema de Pasolini tivessem um filho com o Exterminador do Futuro, teria esta cara. Aliás, vendo Downtown Abbey não se imaginaria, mas Dan Stevens, que fez o fofésimo Matthew Crawley, está ótimo como super-soldado psicopata – além de ter arrasado recentemente em Festival Eurovision da Canção.

O Hóspede
The Guest, 2014 (Universal/Divulgação)

Headhunters

Onde: Amazon Prime Video

A primeira coisa que Roger Brown (o ótimo Aksel Hennie) informa ao espectador é que tem 1,68 metro – e, portanto, precisa de “certas compensações” para o que lhe falta em altura. Por exemplo, uma mulher alta e linda, uma casa espetacular, um carro caro e, claro, muito dinheiro. Tanto dinheiro, aliás, que nem a fortuna que ganha como headhunter de executivos para grandes corporações lhe basta: em sua vida paralela e secreta, ele é ladrão de arte. A oportunidade de colher benefícios em suas duas carreiras se apresenta na figura de Clas Greve (Nikolaj Coster-Waldau): ele é perfeito para um cargo que Roger vem tendo dificuldade em preencher. E é também o herdeiro de uma tela do pintor barroco Rubens surripiada pelos nazistas e desaparecida desde a II Guerra. Eis um roubo para acabar com a necessidade de todos os outros roubos, pensa Roger. Que, no entanto, num raro erro de cálculo, não avaliou bem quão perigoso é Clas. Baseado num livro do norueguês Jo Nesbo e dirigido pelo Morten Tyldum de O Jogo da Imitação, este thriller de senso de humor perverso é aquele caso raro de filme que segue em direções impossíveis de prever e avança, sem nenhum julgamento, sobre os mais dúbios territórios morais.

Headhunters
Headhunters, 2011 (Vinny/Divulgação)
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