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Dia do Meio Ambiente: pandemia reforçou necessidade de proteger a natureza

Degradação ambiental é um dos fatores que pode levar ao surgimento de novos surtos epidêmicos

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2020, 14h10 - Publicado em 5 jun 2020, 13h51

Desde o início da epidemia de coronavírus, pesquisadores estudam como o Sars-Cov-2 infectou os humanos. A principal suspeita indica que ele teria sido transmitido de um morcego a um pangolim antes de infectar pessoas. Cerca de 75% das doenças infecciosas emergentes são zooneses, aquelas que passam de outros animais vertebrados para seres humanos. Além da Covid-19, ebola, zika, malária, cólera, HIV, entre outros, são alguns exemplos que tiveram origem em animais. Quanto maior a degradação ambiental ao redor de uma comunidade, maior a vulnerabilidade a microorganismos patógenos e à chance de eclosão de um novo surto epidêmico.

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de coronavírus. Com a mudança na forma de classificar a Covid-19, a instituição reconheceu que a doença se disseminou amplamente pelo mundo e com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Desde então, os esforços de diversos países se voltaram para conter o agravo da contaminação. No mundo, são mais de 6 milhões de casos confirmados e quase 400.000 mortes. No Brasil, são mais de 600.000 casos confirmados e mais de 34.000 mortes.

Em uma coletiva de imprensa virtual nesta sexta-feira, 5, para o lançamento de uma campanha do movimento Fridays For Future, formado por ativistas climáticos, para arrecadar 1 milhão de reais para as comunidades indígenas na Amazônia no combate ao coronavírus, a sueca Greta Thunberg falou sobre a pandemia. “Estamos enfrentando uma tragédia global. Mesmo que todos sejam atingidos pela crise, não seremos afetados da mesma maneira e alguns vão sofrer mais do que outros”, afirmou.

Um estudo de 2019 publicado no período científico PNAS, conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que o aumento de 10% no desmatamento da Amazônia brasileira levaria a um acréscimo de 3.3% nos casos de malária, o que pode representar a contaminação de 7,4 milhões de pessoas, dentro de um contexto global. Os pesquisadores também identificaram uma tendência no caminho contrário: a cada aumento de 1% na incidência de malária, a redução de áreas desmatadas representava uma queda de 1,4%.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) atribuiu o surto de coronavírus à degradação ambiental. Em um relatório divulgado em 2016, a agência da ONU afirmou que “O século 20 foi um período de mudanças ecológicas sem precedentes, com dramáticas reduções em ecossistemas naturais e biodiversidade. (…) Nunca antes existiram tantas oportunidades para que patógenos fossem transmitidos de animais selvagens e domesticados através do ambiente biofísico para afetar pessoas e causar zoonoses”.

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De acordo com o líder da estratégia de restauração florestal da The Nature Conservancy (TNC) América Latina, Rubens Benini, a economia precisa caminhar para o setor da restauração florestal, que tem o potencial de recuperar áreas degradadas e gerar empregos. “Temos recursos naturais limitados e que não serão suficientes em comparação com o crescimento populacional. Quando se desmata e se perde a biodiversidade, o vírus, que tinha o seu hospedeiro natural, vai procurar outro organismo para viver e se adaptar. Na falta de outras espécies, eles chegam até os humanos”, explicou. 

A gripe causada pelo vírus influenza H1N1, em 2009, última pandemia antes do coronavírus, teve os suínos como importante fator de transmissão da doença para os humanos. No primeiro ano do surto, estima-se que entre 150.000 a 575.000 pessoas morreram por causa da infecção. Em 1918, durante a gripe espanhola, que deixou mais de 50 milhões de vítimas, o vírus foi o mesmo influenza H1N1. Acredita-se que aves migratórias contaminaram porcos de uma fazenda de criação, o que levou ao contato do patógeno com os seres humanos.

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Mesmo com informações de mais de um século sobre a transmissão de vírus entre animais e humanos, os índices de desmatamento continuam crescendo. Em abril deste ano, a devastação na Amazônia aumentou 171% em comparação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com um relatório da Global Forest Watch, o Brasil foi o responsável por desmatar cerca de um terço das florestas virgens do mundo em 2019. Segundo o estudo, 95% da destruição foi na Amazônia.

Além das consequências para as mudanças climáticas, o desmatamento ilegal pode trazer novos prejuízos para a saúde humana e para a economia. “É como se o planeta estivesse mostrando que precisamos seguir outro caminho. Acredito que vamos aprender com isso. Esse momento precisa ser de transformação, inclusive para o modelo econômico”, afirmou Benini.   

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