PT já garantiu silêncio de Eike. Falta o de Ricardo Pessoa
O verdadeiro carregador de piano de Eike Batista não é o juiz Flávio Roberto de Souza, que deixou o instrumento com o vizinho. É o Partido dos Trabalhadores. O empresário que se perguntava “Como faço para virar um empresário do PT?” não só alcançou e desfrutou por anos o posto, como agora, em decadência, recebe um presentão, […]
O verdadeiro carregador de piano de Eike Batista não é o juiz Flávio Roberto de Souza, que deixou o instrumento com o vizinho. É o Partido dos Trabalhadores. O empresário que se perguntava “Como faço para virar um empresário do PT?” não só alcançou e desfrutou por anos o posto, como agora, em decadência, recebe um presentão, noticiado pela coluna Radar, da VEJA.com:
“A Caixa Econômica Federal deu um prêmio para Eike Batista: o banco federal entrou, sem necessidade, no processo de recuperação judicial do estaleiro OSX para reaver 1,1 bilhão de reais. A Caixa, segundo a Lei de Falências, deveria estar blindada porque o pagamento do financiamento estava garantido pela alienação fiduciária de bens da OSX, suficiente para cobrir quase duas vezes o valor da dívida. Agora, a Caixa vai receber o dinheiro de volta parcelado em quarenta anos – um belo negócio. Toda operação na Caixa foi tocada pelo diretor jurídico Jailton Zanon, indicado por Ricardo Berzoini.”
Ricardo Berzoini é aquele petista que assumiu o ministério das Comunicações para tocar a censura travestida de regulação da mídia. Sim: o PT deu um cala-boca em Eike Batista com o nosso dinheiro, por meio do afilhado de Berzoini. Garantir silêncios é com ele mesmo.
Agora falta o de Ricardo Pessoa.
O dono da UTC e coordenador do cartel da Petrobras mandou vazar duas vezes para a VEJA um TANTINHO de revelações demolidoras para o PT, na esperança de que o governo também atue para salvá-lo e evite que ele confesse ao juiz Sérgio Moro TUDO que sabe (especialmente sobre Lula e Dilma Rousseff, além de José Dirceu, Delúbio Soares e outros de menor importância).
Funcionou. José Eduardo Cardozo, o ministro que ocupa a pasta da Justiça, procurou os advogados de Pessoa – e não o contrário, como supunham os Kennedys e Noblats da imprensa -, conforme revelou VEJA na semana passada. Agora, a revista explica como ele procedeu para fazer ‘justiça’ com a própria pasta:
“Segundo executivos da UTC, para estabelecer um canal direto e seguro com os defensores da empreiteira, o ministro Cardozo recorreu a Flávio Caetano, secretário nacional de Reforma do Judiciário, que foi coordenador jurídico da campanha de Dilma Rousseff no ano passado. Caetano é velho conhecido dos advogados da UTC, Sérgio Renault e Sebastião Tojal, com quem chegou a trabalhar.
Nos dias que antecederam o misterioso encontro de Sérgio Renault com Cardozo em Brasília, Caetano telefonou para Tojal para avisar que o ministro desejava encontrá-los”.
Sim: o coordenador jurídico da campanha de Dilma fez a ponte entre Cardozo e advogados de Pessoa. É coerente que tenha sido ele: Pessoa entregou para as campanhas de Dilma e do PT 30 milhões de reais obtidos por meio de propinas de contratos superfaturados da Petrobras, segundo dirigentes da UTC.
As negociações para a delação premiada, no entanto, recomeçaram.
Um dos interlocutores de Pessoa, de acordo com a coluna Radar, telefonou no dia 24 de fevereiro para os procuradores da Lava Jato com uma nova proposta de confissão:
“Os procuradores vão ouvir, mas estão descrentes. Nas vezes anteriores em que se reuniram, representantes de Ricardo Pessoa queriam um acordo em que o dono da UTC não assumiria responsabilidade nem mesmo pelos fatos sobre os quais o MP já tem provas.”
A coluna revelou ainda a questão mais importante do ano.
Um interlocutor de Pessoa, “que o visitou na carceragem de Curitiba há duas semanas, perguntou ao empreiteiro da UTC: ‘A quem serve o seu silêncio? À sua mulher e seus filhos ou ao João Vaccari, Lula e o PT?’”
Seu silêncio, claro, serve para Lula, o PT e seus arrecadadores. Serviria muito mais para o Brasil se Pessoa tirasse esse piano das costas.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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