Parte I.
Este foi o ato dos militantes petistas na quinta-feira em São Paulo, em resposta aos protestos anti-PT do dia 1 de novembro e do dia 15.
Na foto, que não mostra bandeira alguma do Brasil, você pode ver:
1) O símbolo do comunismo – foice e martelo – na bandeira do PCB.
A imprensa disse que manifestantes querem o implantar o comunismo no Brasil? Não! Explicou que os regimes comunistas mataram mais de 100 milhões de pessoas no século XX em tempos de suposta paz? Não!
2) A bandeira da União da Juventude Socialista (UJS).
A imprensa informou que foram os militantes deste grupo que depredaram e picharam a sede da Editora Abril às vésperas da eleição, após VEJA publicar a notícia de que Lula e Dilma sabiam da roubalheira da Petrobras (como o próprio Estadão viria a ratificar em editorial)? Não! Disse que manifestantes lutam contra a liberdade de imprensa em prol da censura no Brasil? Não!
3) A faixa da “Ocupação Carlos Marighella”.
A imprensa informou que Carlos Marighella foi um terrorista de extrema esquerda de um dos grupos mais violentos da luta armada – a Ação Libertadora Nacional (ALN) -, que explodia bombas em locais públicos e matava inocentes? Não! Que ele defendia abertamente em seu “Minimanual de guerrilha” a “execução sumária” que seu grupo praticava? Não! Disse portanto que os manifestantes defendem os métodos homicidas de Marighella na luta política em prol de uma ditadura socialista? Não!
Acha que estou sendo exagerado?
Pois eis – aí ao lado – o panfleto distribuído na manifestação petista, como já mostrei aqui.
A imprensa fez alguma manchete dizendo que manifestantes pediam que Brasil virasse uma grande Cuba? Não!
Explicou que se trata de um regime ditatorial responsável pela morte de ao menos 100 mil pessoas, mais de 17 mil delas sendo opositores políticos fuzilados no paredón, como até Che Guevara admitiu que fazia em discurso na ONU em 1964? Não!
Parte II.
Este foi o protesto anti-PT que reuniu em São Paulo cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, em estimativa para lá de modesta.
Na foto, além de numerosas bandeiras do Brasil, você vê pedidos de investigação da roubalheira na Petrobras, de impeachment da presidente, de liberdade política; além do repúdio ao controle petista da mídia e a ditaduras em geral.
Conforme o esperado, no entanto, um grupo minoritário de sabotadores do protesto levou um carro de som que pedia intervenção militar e, mesmo tendo a imensa maioria se afastado do dito-cujo e seguido para a Praça da Sé com os líderes que repudiam o militarismo, as manchetes dos grandes portais de notícias ficaram assim:
No Globo Online:
“Ato contra Dilma em São Paulo se divide entre defensores da democracia e da ditadura”.
Na Folha Online:
“Pedido de ação militar racha protesto contra Dilma na Paulista”.
No Estadão Online:
“Pedido de intervenção militar racha protesto anti-Dilma na Paulista”.
No UOL:
“Lobão abandona ato após pedido de ação militar”.
Se no protesto do dia 1 bastou um tal de Sérgio Salge – curiosamente entrevistado por Folha e Estadão – pedir intervenção para que a imprensa ajudasse a tachar o movimento inteiro de golpista, agora um carrinho de som não ia mesmo sair barato.
Sim: o cantor e compositor Lobão protestou no Twitter contra o carro de som dos intervencionistas, mas depois se juntou à massa na Praça da Sé.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que foi candidato a vice na chapa de Aécio Neves, foi certeiro:
“Há um exagero da imprensa em relação a meia dúzia de gatos pingados que defendem a intervenção militar. É evidente que sou contra e o PSDB também.”
Aloysio disse ainda que é contra o pedido de impeachment “neste momento”: “O impeachment pode vir a ser colocado dependendo da investigação. O que nós queremos é a apuração”, disse ele, referindo-se à Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Este, obviamente, é o mesmo discurso de líderes do movimento desde o começo. Alexandre Santos falou assim no dia 1, como mostrei aqui; e Paulo Eduardo Martins o repetiu agora: “Queremos que as investigações venham à tona e, se for o caso, que essa dona Dilma seja escorraçada da Presidência da República.” Todos sabem que impeachment não cai do céu, de modo que gritar por ele, assim como o PT gritava “Fora FHC” e “Fora Collor”, é apenas uma forma popular de cobrança de apuração.
No microfone, outros líderes ainda disseram:
– Não há caminho fácil para derrotar o PT. Não adianta pedir pelo Exército. Isto não vai acontecer. Nós é que somos um Exército!
– Não vamos lutar por intervenção militar. A intervenção é popular!
Mas nada disso importa a jornalistas consciente ou inconscientemente militantes. O protesto anti-PT mostrou que o monopólio esquerdista dos movimentos de massa já acabou. O que não acabou foi a cobertura esquerdista dos grandes portais de notícia.
E o que eles não fazem para não falar do Foro de São Paulo, não é mesmo? Volto ao tema no próximo post.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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