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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O Brasil explicado, de FHC a Dilma

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 02h54 - Publicado em 10 out 2014, 06h31

Brasil árvore frutos FHC Lula Dilma

Simples, não? Não há explicação mais prática do que a dos quadrinhos acima. FHC planta, Lula colhe, Dilma passa a motosserra e derruba tudo. Se não tivesse o espaço antes da exclamação, seria melhor ainda. Duas décadas de Brasil resumidas para qualquer desinformado entender.

Quatro anos atrás, em 15 de outubro de 2010, eu usei uma analogia um tanto mais complexa para descrever o país (e antecipar a roubalheira sob o governo Dilma), embora na ocasião ela tenha soado simples. Todos acompanhavam comovidos o episódio que o vídeo do Jornal Nacional abaixo relembra: o resgate dos 33 mineiros da Mina de San José no Chile. Assistam ao menos o começo e já entenderão o meu artigo reproduzido em seguida. Volto no fim.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=7g_qzFlB28o?feature=oembed&w=500&h=375%5D

A nossa Mina San José [15/10/2010]
Felipe Moura Brasil

A economia brasileira estava soterrada a 622 metros de profundidade, sem iluminação e com ventilação parca. Os mais pobres alimentavam-se com duas colheres de atum e meio copo de leite, e se comunicavam com o mundo por meio de bilhetes ou linhas telefônicas improvisadas. Convocados pelos governos Itamar e FHC, os especialistas estudaram o terreno, elaboraram um plano de resgate e abriram um duto de 58 centímetros de diâmetro no solo, pelo qual desceriam uma cápsula, aprimorada em relação a resgates anteriores e fabricada especialmente para tirar o país do buraco econômico. O que era necessário agora? Puxar a cordinha.

Nesse momento, porém, as regras de expediente obrigavam FHC a ceder o comando da operação a Lula, que havia lutado o tempo todo contra aquele plano de resgate chamado Real. Ao tomar posse da parafernália e deparar-se com seus alicerces prontos para um salvamento de sucesso, Lula preferiu então manter a equipe original à frente da operação, ocupando-se apenas de apagar os vestígios de seu antecessor. Para isso, contava com o exército de professores universitários, cientistas políticos, colunistas, celebridades e economistas, cujos esforços na mineração nacional de ideias nos últimos 30 anos o haviam elevado ao poder.

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Antes de puxar a cordinha, Lula ainda reuniu os programas bolsa-alimentação, vale-gás e bolsa-escola, enviados por FHC para a subsistência física e mental dos mais pobres, e rebatizou-os como o seu – e somente seu – Bolsa-Família. Estava tudo preparado para o espetáculo da retirada. Quando os pobres foram subindo um a um acima da linha da pobreza, viam somente o presidente Lula recebendo-os de braços abertos no solo, sob aplausos da imprensa nacional e internacional. Quando perguntavam quem lhes enviara proteína, glicose e medicamentos, Lula sempre dizia: eu. E todos comemoravam, cada qual com seu celular.

Agora que Lula vai botar o pijama, FHC o desafiou para uma conversa “cara a cara”: “Quero ver o presidente Lula, que fez o PT votar contra o Real, dizer que estabilizou o Brasil. Ele não precisa disso. Para que ser tão mesquinho?”. Não seria surpreendente se Lula respondesse o mesmo que disse, em reunião no Alvorada, sobre a campanha eleitoral: “Fui muito duro em alguns estados por onde passei, mas precisava ajudar a eleger alguns senadores”. Bastaria trocar “alguns senadores” por “Dilma Rousseff” – e pronto: seu exército de mineração de ideias diria que Lula, num gesto de rara grandeza, “admitiu” ter “extrapolado” com FHC.

Eis o jogo de cena lulista, que passou 8 anos incólume pela presidência do Brasil. A mina de ouro e prata sobre a qual teve início seu mandato rendeu frutos tanto aos pobres quanto a mensaleiros, aloprados e erenices. A continuação do crescimento econômico, com a ampliação de programas como o Bolsa-Família, conviveu pacífica e perfeitamente com o uso petista da parafernália pública em benefício próprio. Lula deixou a economia funcionando como estava, e tratou de soterrar em seu lugar a moral, os valores, os princípios e o imaginário popular, que são – em última análise – a base das decisões humanas, incluindo as econômicas.

Ou a gente puxa logo a cordinha dessa cápsula. Ou Dilma puxará a da descarga.

******

Pois é. Conforme previsto, o governo Dilma puxou.

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Petrobras montagem

Como disse o candidato Aécio Neves: ‘PT institucionalizou corrupção na Petrobras‘.

[* Atualização de 18 de dezembro de 2015: “Prévia da inflação em 10,71% é a mais alta desde 2002“.]

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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