No Brasil, a vitória nunca é completa.

Mas nem por isso vamos deixar de celebrar vitórias parciais.

Reconhecê-las sem deslumbre diante de seu real significado dentro da luta maior pelo saneamento cultural e político do país não impede a alegria de tê-las alcançado, desafiando a crença derrotista de que nosso esforço “não vai dar em nada”.

Deu.

Apesar das manobras dos ministros do STF Luis Roberto “Minha Posição” Barroso no meio do caminho e de Ricardo Lewandowski no final (com Lula e Renan Calheiros), fizemos cumprir a Constituição em sua previsão mais importante contra abusos presidenciais.

O Brasil se livrou da pior presidente da história do país, encerrou um período de quase 15 anos de governos criminosos e mentirosos do PT, começou a varrer militantes petistas ao menos das estatais e emplacou uma nova equipe econômica qualificada para enfrentar a crise e reduzir o número superior a 11 milhões de desempregados.

Nada disso é garantia de avanços futuros, mas sim janela de oportunidade para um trato mais pragmático e transparente das coisas públicas, sob a necessária vigilância dos cidadãos que assistiram à queda nacional rumo ao fundo do poço e ergueram suas vozes e cartazes nas ruas para interrompê-la.

Pela omissão imperdoável do PSDB em 2005, quando FHC julgou que era melhor deixar Lula “sangrar nas cordas” até as eleições seguintes em vez de pedir seu afastamento, o impeachment de um presidente petista chega hoje com mais de 10 anos de atraso e nos impõe o desafio de mostrar à população como a hegemonia cultural de esquerda impede o país de se livrar dos seus males ainda em germe.

O fim da Era PT na presidência infelizmente não implica a quebra dessa hegemonia implantada a partir dos centros disseminadores de ideias da sociedade, como escolas, universidades, mercado editorial, mídia e show business, mas a visibilidade conquistada durante o desmoronamento petista por autores críticos dos engodos esquerdistas é um ponto a nosso favor na disseminação da verdade dos fatos, sempre que possível com um necessário tempero de sarcasmo.

Este blog, além das refutações e explicações em artigos, vídeos e resumos comentados de sessões exaustivas, criou e adaptou expressões que marcaram o processo de impeachment e se popularizaram tanto na internet quanto no próprio Congresso Nacional.

Uma delas foi “Bancada da Chupeta”, em referência à bancada da comissão especial do Senado composta por petistas e aliados que passaram semanas esperneando contra o “golpe”. Criado em 28 de abril durante cobertura no Twitter de uma das sessões, o termo rendeu memes e até derivados, mas prevaleceu como descrição irônica dos reis e rainhas do mimimi.

Um ano antes, em abril de 2015, o famigerado “conjunto da obra” também começou aqui.

A expressão adaptada do prêmio honorário do Oscar americano se tornou motivo de polêmicas diárias entre defensores de Dilma, que repudiavam seu afastamento pelo “conjunto da obra” mas recorriam ao conjunto da obra dos governos petistas para defendê-la; e seus adversários, que apresentaram ao Brasil os crimes de Dilma como parte do conjunto de uma obra ainda mais nociva ao país.

Viver este momento histórico acompanhado pelos leitores deste blog foi – e continuará sendo – não só uma honra como a maior diversão.

Obrigado pela pipoca, meu povo. Seguiremos em festa, na luta pelo Brasil.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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