Por que é difícil entender que o gasto por aluno não explica o desempenho?
O custo de vida é diferente em diferentes municípios, e é pouco produtiva a ideia de estabelecer um custo-padrão para a educação.
Todos nós vivemos em diferentes municípios. E sabemos que o custo de vida neles é muito diferente. O custo de moradia pode ser muito diferente e pesa muito. O custo de transportes é outro fator importante. O mesmo acontece com o custo da alimentação e, certamente, com o dos serviços. Sabemos, pela nossa experiência, que muitas vezes – mas nem sempre – o custo está associado com a qualidade ou padrão desses serviços. O fato é que com um mesmo montante de dinheiro vivemos de forma muito diferente de acordo com o município.
A Figura 21 ilustra a aplicação desses princípios aos investimentos em educação. Os números na linha horizontal representam a proporção do PIB. Por exemplo, o número 50 significa que o gasto por aluno, nesse município, é de 50% do PIB per capita do referido município. Para cada município há um ponto representando sua nota em Matemática no 5o ano do ensino fundamental. A figura mostra que não há relação entre o montante de gastos/PIB e o desempenho: para cada nível de gastos as notas se distribuem mais ou menos igualmente acima e abaixo da linha da média.
Esse gráfico também mostra que os resultados acima de 250 pontos são poucos e mais aleatórios – os poucos casos de melhor desempenho demonstram relação ainda menor com o nível de gastos.
Este tipo de evidência reflete de um lado o bom senso: o custo de vida é diferente em diferentes municípios, e é pouco produtiva a ideia de estabelecer um custo-padrão para a educação. Na melhor das hipóteses, isso exigiria um ajuste fino para praticamente cada município. Isso não significa que recursos não façam diferença. Mas sugere que a capacidade de uma rede de ensino produzir resultados depende de muitos outros fatores.