O que as mães podem aprender com os cães?
Cachorrinhos que se esforçam mais para amamentar se saem melhor nos cursos para se tornarem cães-guia do que filhotes muito mimados durante a amamentação.

Cães-guia oferecem um inestimável serviço, especialmente aos cegos. O que você faria se fosse selecionar cães para serem treinados como cães-guia? Que critérios usaria? E por que esta pergunta é relevante?
Comecemos pela terceira pergunta. A ciência do desenvolvimento humano – especialmente a Psicologia – se baseia em estudos comparando o “normal” e o patológico, o laboratório e o mundo real, e, sempre que possível, humanos e animais. O maior amigo do homem também aqui pode nos dar uma excelente contribuição.
Que características tornam um cão em um bom guia? Cães-guia precisam tomar decisões importantes e para isso precisam ser focados, seguir comandos sem hesitar e resolver problemas complexos – tais como perceber os movimentos e intenções do dono, achar comida em armários, evitar buracos e terrenos escorregadios, e achar o rumo em meio a verdadeiros labirintos.
Um interessante estudo realizado em New Jersey e publicado na conceituada revista científica “Plants and Animals” analisou o treinamento de 98 filhotes candidatos a cães-guia. O estudo revelou que os cães que haviam sido amamentados por cadelas que ficavam sentadas durante a amamentação tinham quatro vezes mais chance de passar no curso do que os filhotes que foram muito mimados durante a amamentação.
A explicação: cães amamentados com a cadela sentada precisavam fazer mais esforço para pegar e ficar conectados às tetas.
Moral da história: filhotes que não precisam se esforçar para superar os pequenos desafios da vida terão mais dificuldade para superar os verdadeiros obstáculos do mundo real. O estudo corrobora importantes contribuições como as de Carol Dweck, autora do livro “Garra – o poder da paixão e perseverança” (Editora Intrínseca). E suas conclusões se aplicam a cães, mães e seus respectivos filhotes.