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Por João Batista Oliveira
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Educação e mobilidade social

Educação é instrumento de melhoria salarial e mobilidade social, mas isso não é automático. Não bastam mais anos de escolaridade para assegurar a mobilidade

Por João Batista Oliveira 18 dez 2017, 14h40

O tema está na pauta, é instigante, mas muito complexo. Educação é instrumento de melhoria salarial e de mobilidade social. Mas isso não é automático. Não basta simplesmente mais anos de escolaridade para assegurar a mobilidade.

Vejamos o que está ocorrendo no Brasil: o nível médio de escolaridade da população adulta é de pouco menos de 7 anos. Mas hoje mais de 80% dos jovens concluem pelo menos o ensino fundamental de 9 anos, ou seja, as novas gerações já começam com uma vantagem em relação às gerações anteriores. A cada ano, quase dois milhões de jovens concluem o ensino médio.  Isso significa que a esteira é rolante – para avançar, não basta caminhar com os outros, é preciso algum diferencial. E é aí que mora a dificuldade.

Para colocar em termos simples uma ideia complexa: a escola que ainda temos, com todos os seus problemas e limitações, reflete a cultura da classe dominante, da classe média. Isso se reflete não apenas na linguagem padrão usada em casa e na escola, mas nas expectativas comuns entre famílias e escolas a respeito de determinados comportamentos e valores. A maioria dos alunos provenientes de classes populares encontra na escola um choque de cultura, e nem sempre a escola – nem a pré-escola – os ajuda a se acomodar melhor a essa nova realidade. Tudo isso se reflete nas expectativas dos professores e no desempenho escolar dos alunos e na sua experiência de socialização.

O outro fator, decorrente disso, é a mobilidade social, que se dá sobretudo pela rede de contatos e pelo casamento. Tipicamente, no Brasil, os homens estão se casando com mulheres com nível mais elevado de escolaridade – o que seria uma vantagem se a diferença salarial e a posição da mulher estivessem em uma posição vantajosa nas escalas de salário, prestígio e poder, o que ainda não é o caso. Estudos rigorosos sobre o tema realizados nos Estados Unidos mostram como tanto o padrão de casamentos quanto o efeito da elevada taxa de divórcio vêm contribuindo, naquele país, para aumentar a desigualdade.

Trocando em miúdos: a escola funcionará melhor como instrumento de socialização e, consequentemente, de mobilidade social, na medida em que se compenetrar do que significa ser escola e da importância de formar bons hábitos, e instilar comportamentos e valores que darão vantagem aos seus alunos. Isso é importante especialmente para os que provêm de uma cultura que nem sempre dá o mesmo valor a essas questões. O apartheid brasileiro entre escolas públicas e privadas em nada ajuda esse objetivo. Como também não ajuda o crescimento de famílias monoparentais (quando apenas o pai ou a mãe arca sozinho(a) com as responsabilidades de criar o filho ou os filhos), que afeta negativamente o desempenho escolar dos alunos.

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