Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Dora Kramer Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Vitória de voo curto

Assim como em 2014 para Dilma, o êxito de Temer agora é fugaz

Por Dora Kramer Atualizado em 5 ago 2017, 06h00 - Publicado em 5 ago 2017, 06h00

Conforme o esperado, a Câmara dos Deputados negou licença ao Supremo Tribunal Federal para buscar provas de que Michel Temer cometeu crime de corrupção passiva. Talvez não se encontrasse nada, mas o governo resolveu não arriscar mesmo diante de uma “denúncia inepta”.

O presidente fez o diabo, a exemplo da titular da chapa que resultou na reeleição dos dois em 2014, uma vitória de voo curto, seguida de derrocada cujo desfecho se deu um ano e meio depois. Dilma Rous­seff levou o país ao inferno. Já Michel Temer se sentou no meio da fogueira que vinha lhe chamuscando o mandato desde que seus auxiliares mais próximos foram sendo atingidos por investigações, acusações, processos, prisões, até o cúmulo de o chefe da nação em pessoa ser flagrado numa conversa para lá de suspeita com um interlocutor qualificado por ele mesmo como “bandido”.

Assim como a eleição ganha na base de ilícitos e mistificações, o resultado da votação de quarta-feira última na Câmara representa um êxito fugaz. De pouco brilho, considerando-se a diferença entre os deputados pró e contra a continuidade das investigações — 36 votos, parcos diante do caráter perdulário do governo no empenho de esforços: substituição de deputados na Comissão de Constituição e Justiça, bem como no plenário, liberação de mais de 2 bilhões de reais em emendas ao Orçamento, aceno de reforma ministerial, promessas de cargos no segundo e terceiro escalões nos estados (fundamentais numa eleição sem financiamento empresarial), atendimento de interesse específico da bancada ruralista (230 parlamentares) e marcação cerrada deputado a deputado durante dois meses.

Isso sem contar a inestimável ajuda de uma oposição destrambelhada e a absoluta indiferença das ruas, não obstante a contundente opinião, contrária ao governo, do público expressa nas pesquisas. Por mais que os números tenham garantido a permanência de Temer, não é possível tomá-los como demonstração de força. No máximo, uma exibição do exercício da velhíssima política que agrada ao Parlamento mas desagrada sobremaneira ao eleitor com o qual suas excelências não estão preocupadas agora.

Continua após a publicidade

Erram de A a Z. Michel Temer por ficar pendurado no apoio de um Congresso desmoralizado, dependente de promessas que não pode cumprir e refém da escassez de armas para enfrentar denúncias e delações que estão por vir. Os partidos por não compreender que a eleição de 2018, diferentemente das últimas em que o PT dominou, terá a participação ativa de artistas caros à intelectualidade de um lado e, de outro, dos apresentadores de programas populares de rádio e televisão, cujo repúdio à decisão da Câmara estava em todas as telas um dia depois de personagens como Tiririca e Sérgio Reis terem contrariado a orientação dos respectivos partidos, votando a favor da investigação.

A nota de sarcasmo foi dada pelas repetidas referências à autoria do pare­cer-base do veto à denúncia: um deputado do PSDB, partido em frangalhos que funciona como o fiel da balança em que Temer se equilibra entre o peso da rejeição da sociedade e a fragilidade de uma maioria parlamentar instável, exigente e insaciável.

Publicado em VEJA de 9 de agosto de 2017, edição nº 2542

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.