Touros indomados
A condescendência e a conivência de Bolsonaro com os filhos são fatores de alto risco para o governo
É grave a crise detonada pelo vereador Carlos Bolsonaro na confrontação ao ministro Gustavo Bebianno, da secretaria geral da Presidência, e são mais graves ainda as crises a serem detonadas se o presidente não der um basta nas manifestações nem parar de se associar às ações de seus filhos. A condescendência e a conivência são fatores de alto risco e, no limite, pode custar a Jair Bolsonaro o próprio mandato. Indo direto ao ponto: desse jeito não há governo que se sustente.
Desde a campanha eleitoral havia sinais evidentes de que os três filhos com atuação na política seriam fonte de problemas. Seria de se imaginar, contudo, que Bolsonaro também soubesse disso e administrasse a questão separando sua família do Estado. Mas ele não só permite a mistura como não dá mostra de perceber o tamanho do prejuízo. Os “garotos” falam e fazem uma bobagem atrás da outra. Se não tem autoridade em casa não há de tê-la reconhecida pelos cidadãos a quem se dispõe a governar.
É possível que Carlos tenha criado essa confusão para, tendo-se na conta de um expert em comunicação, tentar desviar a atenção das denúncias que pesam sobre o irmão Flávio. Se foi isso, piorou muito a situação pois conseguiu mais cedo do que seria o esperado dar destaque ao problema dos filhos do presidente e reunir um plantel significativo de gente poderosa, no Executivo e no Legislativo, a formar barreira de proteção em torno de Bebianno e cobrar de Jair Bolsonaro uma atitude.
Uma queda de braço um tanto forte demais para quem ainda não tem dois meses no cargo e ainda tem outros 46 meses pela frente. Em tese.