Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Dora Kramer

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Plágio improvável

No momento o nome do jogo em relação às eleições é o da indefinição

Por Dora Kramer Atualizado em 4 jun 2024, 14h00 - Publicado em 22 abr 2021, 19h50

Eleição, reza do dito confirmado pelos fatos, não se ganha de véspera. Tampouco se definem resultados com tal antecedência, e nossa história recente mostra isso. Nenhum dos três presidentes que disputaram, e ganharam, um segundo mandato em 1998, 2006 e 2014 estava com a vida ganha no ano anterior ao do pleito.

Senão, vejamos: em 1997, Fernando Henrique Cardoso enfrentava uma das cinco crises econômicas mundiais que atingiram seu governo e via Luiz Inácio da Silva lhe roçar os calcanhares nas pesquisas eleitorais; em 2005, Lula estava enrolado até o pescoço no escândalo do mensalão e só não sofreu um processo de impeachment porque a oposição optou por vê-lo “sangrar”; Dilma Rousseff, em 2013, atordoava-se sem saber para onde ir em meio às “jornadas de junho”.

Apesar desses pesares, FH, Lula e Dilma conseguiram se reeleger. Boa notícia para Bolsonaro? Não necessariamente, porque comparado aos três é o que maiores dificuldades tem pela frente. Nas vitórias dos antecessores entre outros fatores contou o peso da cadeira e da caneta presidenciais. É a vantagem maior, não raro definitiva, dos chamados incumbentes. Como eles, Jair Bolsonaro detém as duas — cadeira e caneta —, mas não sabe usá-las. Quando usa, abusa do direito de errar.

Por esta e algumas outras que virão relacionadas abaixo, no momento o nome do jogo é o da indefinição. Ainda que vigore a impressão geral de que o segundo turno de 2022 vai reproduzir o embate entre Bolsonaro e o PT (com ou sem Lula na cabeça da chapa) em 2018, a política não segue a dinâmica dos ecos. E não porque assim tenha assentado Karl Marx na famosa referência à história.

“Circunstâncias diferentes não favorecem a ideia de que a próxima eleição será igual à que passou”

A política não se repete na medida exata dos acontecimentos anteriores porque é escrava das circunstâncias. E estas não autorizam a conclusão de que a próxima eleição será igual à que passou. Para início de conversa, lá atrás as forças que não se alinham a Bolsonaro nem a Lula ficaram cada qual no seu canto e agora articulam com antecedência uma tentativa de entendimento. Se der certo, pode fazer toda a diferença, embora não seja a única. Há outras que alteram o cenário e podem influir no resultado. Vamos a elas.

Continua após a publicidade

– Ausência do elemento surpresa. Desacreditado, Bolsonaro foi desconsiderado até se tornar um fato consumado. Contou a história que bem entendeu, valendo-se de um sentimento antipetista muito forte que aglutinou um eleitorado disposto a se agarrar a qualquer coisa que representasse um obstáculo à volta do PT.

– Em quase dois anos e meio de governo, Bolsonaro mostrou a que veio, mas principalmente a que não veio. Perdeu o discurso da luta contra a corrupção, fez a ideia da nova política virar pó, deu repetidas e robustas provas de seu despreparo para o cargo e provocou uma debandada significativa no plantel de aliados que conseguira reunir para se eleger. Uma gestão sem marca para exibir no palanque.

– Em 2018, logo após o atentado sofrido em Juiz de Fora, teve uma exposição nos meios de comunicação completamente desproporcional à de seus adver­sários e, pela condição de vítima, ficou durante um bom tempo imune a ataques. Hoje, por tudo o que fez e deixou de fazer no governo, é alvo de noticiário predominantemente desfavorável que não tende a arrefecer.

– Por causa dos atritos com governadores o presidente criou com eles um ambiente hostil a ponto de a maioria constantemente se manifestar de maneira coletiva contra suas atitudes e decisões. Vários são antigos aliados, hoje rompidos e cuja tendência é dificultar a campanha pela reeleição nos respectivos estados.

– No mundo do dinheiro o clima tampouco é dos melhores, dado o fiasco do contrato de aluguel com o liberalismo de Paulo Guedes.

Continua após a publicidade

– O fator Lula livre para disputar, que em tese poderia ressuscitar o antagonismo de 2018, pode não ter esse efeito se o antibolsonarismo restrito e presumido de antes vir a se configurar, na campanha, maior e mais forte que o antipetismo.

A mãe de todas as enormes pedras no caminho de Jair Bolsonaro no rumo da reeleição é, claro, a pandemia do coronavírus. Se antes um sinistro inesperado acabou por favorecê-lo eleitoralmente, agora o imprevisto se apresenta de novo, mas como fonte de prejuízos também no campo eleitoral.

E, aqui, voltamos às diferenças. Daquela vez sofreu o dano involuntário. Agora corre o risco de padecer sob o peso dos estragos que voluntariamente provocou.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 28 de abril de 2021, edição nº 2735

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.