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Pessimismo de resultado

Eleição de pouca emoção pode resultar em escolhas mais racionais

Por Dora Kramer Atualizado em 16 mar 2018, 06h00 - Publicado em 16 mar 2018, 06h00

Diz a pesquisa CNI/Ibope divulgada na terça-feira 13 que o eleitorado está majoritariamente pessimista em relação às próximas eleições gerais — para presidente, senadores e deputados: 20% representam a parcela de empedernidos otimistas, mas 44% esperam o pior e 23% não têm expectativa alguma, não estão nem aí para a hora do Brasil.

Na soma dos dois últimos grupos temos quase 70% de enfadados. O dado é por si relevante e, por isso, digno de atenção. Principalmente se levarmos em conta que esses zangados e/ou indiferentes não dão importância ao fato de que uma eleição é muito melhor que eleição nenhuma. Nem parece que 34 anos atrás o país se mobilizava todo pelo direito ao voto direto para presidente.

Os números da pesquisa aparentemente são desanimadores, embora em tudo e por tudo perfeitamente condizentes com o rebuliço em curso. Surpreendente, preocupante até, seria se a amostra revelasse um eleitor feliz da vida, confiante na existência de um mundo muito melhor a partir do dia 7 de outubro, no caso de definição em primeiro turno, ou três semanas depois, se houver segunda chamada.

Em vez de lamentar, cumpre enxergar os pontos de luz nesse cenário sombrio. Onde grassa o pessimismo pode vir a vicejar o realismo e, com ele, uma posição mais rigorosa por parte do eleitorado. Por exemplo: pode muito bem vir a se formar uma tendência pela escolha de candidatos com base em critérios racionais no lugar dos entusiasmados impulsos emocionais tão celebrados pelos defensores dos “perfis carismáticos”.

Nesse quadro, por ora hipotético, prevaleceria o eleitor pé no chão. Semelhante àquele que em 1994 escolheu Fernando Henrique Cardoso sem saber direito quem era o homem, mas sabendo perfeitamente quanto haviam caído desde o ano anterior os índices de inflação, em contraposição ao eleitor cabeça de vento que em 1989 elegeu Fernando Collor a bordo da ilusória caçada aos marajás, entre outras fantasias, e treze anos depois caiu no conto da ética na política escrito pelo PT.

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Um eleitorado pessimista dá mais trabalho aos candidatos, que antes de qualquer coisa precisam tirar seus potenciais votantes desse estado melancólico. Na atual conjuntura de descrença generalizada, convenhamos, é uma tarefa difícil, mas não impossível. Uma leitura mais detalhada da pesquisa citada acima pode ajudar.

Na amostra há uma espécie de “programa mínimo” de exigências do cidadão. Nada muito complicado: 89% acham fundamental que o postulante conheça o país; 77% que tenha conhecimento de economia; 74% consideram essencial que conte com uma boa formação escolar; contrariando a tese do outsider, 72% acham necessário que a pessoa tenha experiência em gestão pública, de preferência como prefeito ou governador. Sim, e para 87% conviria que a excelência não mentisse na campanha.

Como se vê, um cardápio de conteúdo bastante racional, o que aproxima a hipótese aventada acima da realidade e indica que do pessimismo não é devaneio esperar bons resultados.

Publicado em VEJA de 21 de março de 2018, edição nº 2574

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