Há uma voz corrente hoje entre deputados: uma coisa era a força de Rodrigo Maia para influir na reeleição, com a perspectiva de poder de mais dois anos, outra é a influência dele na eleição de um sucessor. Isso não quer dizer que o atual presidente não possa recuperar terreno daqui até fevereiro, mas significa que no momento a dianteira é de Artur Lira, candidato do Planalto.
O propalado apoio da esquerda a Maia, real no curso da presidência, vem se reduzindo porque existe nos partidos de esquerda e centro-esquerda um entendimento de que pode haver algumas vantagens na eleição de um nome (permaneça sendo Lira ou não) da preferência do governo. São levadas em conta algumas variáveis:
1. Principalmente o PT, a maior bancada com 54 votos, ainda vê vantagem em ter Jair Bolsonaro como adversário em 2022, a fim de se repetir o cenário de 2018 desta vez com o presidente em situação mais adversa que a anterior.
2. Pelo mesmo motivo, há a avaliação de que não seria prudente reforçar o campo da centro-direita onde Rodrigo Maia aparece como um dos principais articuladores para a próxima eleição presidencial.
3. Negociação da pauta de votações, com destaque para compromissos que um governista estaria disposto a assumir no enfraquecimento do papel do Ministério Público e no veto a privatizações de empresas como Eletrobras e Petrobras.
Ainda não há unidade de posições nesse campo na Câmara e pode ser que isso nem seja alcançado, mas é fato que a pura e simples imposição de uma derrota a Bolsonaro não é o único, muito menos o principal, fator considerado pela esquerda para definir o destino dos seus votos na escolha do presidente da Câmara que estará no cargo durante o processo eleitoral de 2022.