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Gás paralisante

Bolsonaro troca de armas para neutralizar o inimigo eleitoral

Por Dora Kramer Atualizado em 14 ago 2020, 17h15 - Publicado em 14 ago 2020, 06h00

Sergio Moro saiu e o mundo não se acabou. A pergunta da hora é se o mundo (vale dizer, o governo) acaba caso Paulo Guedes saia. Não só não acaba como pode até consolidar o recomeço em busca da conquista de novas paragens eleitorais que Jair Bolsonaro ensaia com a falta de cerimônia de quem joga fora no lixo os berloques que o ajudaram a chegar à Presidência contra todos os parâmetros de normalidade em vigor na política até então.

Eram os pilares, dizia-se, indemissíveis. Um já foi e o outro permanece, ao que parece, rebaixado a gerente, uma sombra da representação do Posto Ipiranga que já simbolizou. Se Guedes fica ou sai, depende de a quem o dono do estabelecimento dará a palavra final: aos defensores do controle de gastos ou aos arautos da gastança. No caso de vitória destes, a presença de Paulo Guedes no governo será inútil.

A tal da agenda liberal, da qual Bolsonaro se valeu da boca para fora, está indo para o espaço. Na equipe econômica se estabelece a debandada, para usar a franqueza típica dos exaustos manifestada pelo chefe da turma, e o presidente dá sinais de que prefere investir na reeleição do que fazer o certo. Dilma Rousseff optou pelo mesmo caminho, embora não o tenha feito por necessidade, mas por arrogante convicção.

Paulo Guedes alertou: essa escolha pode levar Bolsonaro à trilha do impedimento. Mas o presidente não parece se importar diante das vantagens que vê na fórmula de sucesso eleitoral do inimigo, das quais vai se apropriando como se delas fosse o inventor.

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“Presidente toma posse da fórmula do PT para fazer da municipal um ensaio geral da eleição presidencial”

Pelo jeito, está convencido de que a fidelidade dos súditos está firme e garantida (é o que dizem, por enquanto, as pesquisas), em decorrência do ano e meio que passou alimentando a ira santa da sua, por assim dizer, base social. Hora, portanto, de ampliar os horizontes, dado o baixo custo da incoerência entre os súditos. Para esse pessoal, o conceito de traição só se aplica aos que se consideram traídos pelo capitão.

A eles Jair Bolsonaro não deixará de fornecer doses de ração na forma de exorbitâncias institucionais e morais, até porque reside nelas sua verdadeira personalidade. Mas o candidato à reeleição precisa de mais, e de alguma maneira agora nos esclarece a dúvida sobre aonde pretendia chegar com a conduta que só o levava ao isolamento.

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Não, Bolsonaro não mudou, apenas resolveu se adaptar às circunstâncias. Nem teve o trabalho de criar, foi só copiar o que já fez o PT: investir na carência material e emocional das populações mais pobres e menos escolarizadas, cair nos braços dos experientes da “velha política”, levar as reformas em banho-maria, a fim de reduzir áreas pontuais de atrito, e culpar os outros por aquilo que ele mesmo faz.

E por que se movimenta com tanta antecedência? Porque pega os adversários no contrapé, desmobilizados e desarticulados, guardando forças para um longínquo 2022. Mas, como novembro está logo aqui, Bolsonaro se municia de gás paralisante dos opositores e faz da municipal um ensaio geral para a eleição presidencial.

Publicado em VEJA de 19 de agosto de 2020, edição nº 2700

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