O segundo turno neste domingo, 29, será particularmente eletrizante em São Paulo e no Recife, embora em grau de importância quanto ao resultado se inclua também o Rio de Janeiro. Nas três capitais, o que as urnas falarem provocará efeitos colaterais sobre os oponentes e respectivos partidos com alguma repercussão sobre os preparativos para 2022.
Com chance de virar o desfecho apontado pelas pesquisas e vencer o prefeito Bruno Covas, Guilherme Boulos talvez não faça um mau negócio se perder essa eleição. Pelo seguinte: não precisará encarar o desafio amazônico de administrar uma cidade complexa como São Paulo, arriscando-se a perder o prestígio recentemente conquistado e poderá se beneficiar desse mesmo prestígio como ativo para se posicionar nas articulações do campo da esquerda para o embate de daqui a dois anos.
No Recife, a briga entre PT e PSB liderada pelos primeiros Marília Arraes e João Campos, seja qual for o resultado vai dificultar (e muito) o entendimento desses dois partidos e favorecer um cenário de vetos recíprocos no posicionamento para esquerda na definição de candidatura (estaduais e nacional) para 22.
No Rio, a enorme vantagem de Eduardo Paes leva as expectativas a se concentrarem sobre o tamanho da surra que levará o prefeito Marcelo Crivella. Isso, no entanto, não deixa o mais que provável vencedor numa situação confortável. A partir de 1º de janeiro vai se deparar com uma cidade em estado pré-falimentar, situação muito diferente daquela em que foi prefeito por oito anos. Saiu bem avaliado e de 2021 em diante esse patrimônio estará em teste.