O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, dobrou-se à vontade do comandante chefe das Forças Armadas, o presidente da República. Seria um ato de respeito à hierarquia não tivesse origem numa atitude de insubordinação de um general da ativa, provocada por Jair Bolsonaro que deixou patente a intenção de revogar quaisquer punições a Eduardo Pazuello quando o abrigou numa sinecura no Palácio do Planalto.
Com isso, o presidente afrontou a Constituição pela qual está obrigado a zelar pela ordem. Está, assim, praticamente pedindo para sofrer um processo de impeachment.
O comandante do Exército não tinha muita saída, pois qualquer que fosse sua decisão já estava claro que Bolsonaro faria valer sua condição de comandante supremo. O general Paulo Sérgio poderia renunciar ao posto. Salvaria sua biografia, mas não livraria o Exército, e por extensão as Forças Armadas, da humilhação e da abertura de um precedente à anarquia.
E essa permissão para que as tropas se sintam autorizadas a manifestar preferências políticas na campanha eleitoral de 2022, parece ser a intenção do presidente da República que conta com o apoio das patentes mais baixas, as mesmas que já se mobilizam na defesa dele. Movimento claramente presente nas polícias militares país afora.
Os militares e seus altos comandos estão de mãos atadas. Deles não se pode esperar qualquer reação no sentido de conter as tendências autoritárias e, sobretudo, anárquicas, do presidente da República. Tarefa, portanto, a ser cumprida pelas instituições civis. O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, aquelas constitucionalmente autorizadas a impedir o avanço de um presidente claramente empenhado em mergulhar o Brasil no caos.