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Conversa mole

Bolsonaro não tem sido um interlocutor confiável

Por Dora Kramer Atualizado em 17 jul 2019, 17h46 - Publicado em 31 Maio 2019, 07h00

Governantes residentes em becos sem saída costumam recorrer a soluções semelhantes, sendo o convite para a assinatura de “pactos” a mais comum delas. Jair Bolsonaro não está naquela situação extrema e, ainda assim, convidou os presidentes do Legislativo e do Judiciário para firmar um pacto, uma desgastada e falsa solução que, como de hábito, não dará em coisa alguma. Pelo motivo simples de que a tradução do governo para pacto é uma proposta de acerto para apoio incondicional, e isso o presidente não conseguirá.

A ideia de Bolsonaro obviamente foi conferir às manifestações do dia 26 um peso na ordem institucional que, de fato, não tiveram. Os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal atenderam ao pedido a que não poderiam deixar de atender, sabendo do propósito e, ao mesmo tempo, da inutilidade da convocação. Cada um dos poderes dispõe de agenda específica e todos eles buscam o melhor para si, o que nem sempre guarda relação com o mais confortável para o vizinho constitucional.

Afora isso, o presidente da República não tem se notabilizado por ser um interlocutor confiável. Num dia morde, no outro assopra e no seguinte de novo volta a morder para depois tornar a assoprar, dependendo das circunstâncias. A dinâmica obedece à lógica primária das ações presidenciais que, por isso, carecem de credibilidade e, como toda trama tosca, quedou-se devidamente desvendada em seus primeiros movimentos. Isso para dizer que os locatários de poderosos gabinetes da República não caem na conversa (fiada) de Sua Excelência.

Jair Bolsonaro aparentemente saiu ileso da convocação do protesto a favor, que poderia ter sido um erro fatal cometido nos acordes iniciais do governo. Saiu não tão intacto quanto gostaria, pois demonstrou na convocação aos pares que teme o efeito da volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.

E quais consequências seriam essas? Inúmeras, umas visíveis a olho nu, outras dependentes do decorrer dos acontecimentos. Aqui, no entanto, tratemos apenas das evidentes: reação contrária do Congresso a medidas de interesse do Planalto e consequente aumento de prestígio interno de Rodrigo Maia, má vontade do Supremo em relação à pauta de costumes defendida por Bolsonaro e incentivo a manifestações de rua em oposição a quaisquer atos do governo. É disso que Jair Bolsonaro tem medo.

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Ele talvez saiba, mas se não sabe conviria tomar ciência de que quem bate releva, mas quem apanha nunca esquece. O Congresso apanhou dele, o Judiciário também, por intermédio de um dos aloprados filhos, bem como os manifestantes em prol das verbas para a Educação, chamados de “idiotas úteis”.

Não são idiotas nem inúteis os brasileiros que se manifestaram a favor de Bolsonaro. São cidadãos donos de uma opinião que por ela devem ser respeitados. Da mesma maneira merece de todos o maior respeito qualquer pessoa que proteste ou se manifeste contrariamente aos atos, palavras e decisões tomadas pelo governo que, gostemos ou não, a todos nós preside.

Publicado em VEJA de 5 de junho de 2019, edição nº 2637

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