Braços do povo
Popularidade do presidente na pesquisa Datafolha reforça defensores da agenda populista no governo
O primeiro round formalmente vencido por Paulo Guedes em favor da contenção dos gastos públicos pode ter sofrido um duro golpe com o resultado da pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, na qual é registrado um aumento expressivo na avaliação positiva (sete pontos porcentuais) e um recuo também substancioso (dez pontos) na rejeição ao governo de Jair Bolsonaro.
O aumento da popularidade deverá fazer crescer dentro do governo o prestígio dos defensores da adoção de uma agenda francamente populista e irresponsável do ponto de vista fiscal. A boa nova para o presidente deve-se em parte ao abandono dos insultos diários, mas, na prática, deve ser atribuída em medida bem maior ao auxílio emergencial e à liberação das regras de isolamento social.
Isso se comprova nos dados indicativos de que a aprovação de Bolsonaro aumentou muito mais nas regiões e nos grupos sociais onde imperam carências materiais e de escolaridade. Foi ali que o presidente contrabalançou as avaliações negativas sobre sua conduta no trato da pandemia.
As vantagens político-eleitorais da atuação do Estado como ente provedor de benefícios tendem a se sobrepor à profissão de fé na responsabilidade fiscal feita pelo presidente com o intuito imediato e provisório de acalmar o ministro da Economia.
O mesmo tipo de mentalidade assegurou a reeleição do então presidente Lula, a despeito do escândalo do mensalão, e ainda assegurou a eleição e a renovação do mandato de Dilma Rousseff. O problema é o efeito rebote da gastança, como se viu na maneira como chegou ao fim o reinado de treze anos do PT no poder.