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Adeus aos brucutus

Para vencer a boa causa não é preciso falar a língua dos extremos

Por Dora Kramer Atualizado em 9 jun 2020, 12h14 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00

Os protestos de junho de 2013 perderam apoio na sociedade e afastaram a maioria dos manifestantes das ruas quando entrou em cena o vandalismo. A violência tomou o lugar das demandas justas, os sinais se inverteram e o alvo da insatisfação (o poder público em suas variadas instâncias) respirou de alívio com o arrefecimento da pressão.

Desafogo semelhante parece buscar Jair Bolsonaro quando aconselha seus seguidores a deixar a rua para os opositores e não disfarça a satisfação com tumultos ocorridos em atos adversários que ensejaram demonstrações de engajamento de policiais ao modo reacionário e provocaram aglomerações contraditórias à defesa do isolamento social, justamente um ponto de repúdio às atitudes do presidente.

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Além disso, Bolsonaro se vale de uma comparação malposta pelo ministro Celso de Mello e de um ataque de hackers para se apropriar de conceitos caros à democracia a fim de defender o seu contrário. Invoca o risco de uma hipotética “ditadura”, evoca o direito à “liberdade de expressão” para impor preceitos autoritários e dar ares de legalidade a calúnias de toda sorte.

O presidente da República vai tentando, assim, inverter a ordem dos fatores em jogo com o objetivo de confundir os papéis de agredidos e agressores. Nessa versão, os 70% de brasileiros manifestadamente contrários à sua falta de modos democráticos seriam os algozes. Ele e os demais, entre os quais seus devotos mais enfurecidos, as vítimas oprimidas.

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Os 70% de brasileiros em ação na defesa da democracia é que garantem a preservação da lei e da ordem

Pois é no contraponto entre maioria e minoria que se desenha o cenário atual. Nele não cabem ações despropositadas, cujo único efeito é servir de terreno fértil à insensatez. A hora é de recorrer ao controle das emoções, à aliança com o bom senso, à indiferença a provocações e, sobretudo, ao apego à legalidade. Se houver firmeza na aplicação das normas contra os infratores, de duas, uma: ou eles se enquadram ou caem na marginalidade, sujeitando-se às punições previstas em lei.

A excelente notícia é que, enquanto os radicais berram, os construtores de soluções racionais se organizam numa ampla frente em defesa da normalidade institucional. São movimentos de diversos matizes e de setores variados que formam uma unidade inexistente há muito tempo, mas não inédita.

Na nossa história recente houve causas abraçadas com amplitude que começaram na base do abaixo-assinado e tomaram vulto. Da anistia aos dois impeachments de presidentes, passando pela campanha das “Diretas já”, foram todas bem-sucedidas. A novidade agora é a situação peculiar do isolamento decorrente da pandemia, mas a eficácia da internet no aspecto mobilização já estava provada e na atual conjuntura vem sendo comprovada.

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Portanto, não é necessário recorrer a métodos estapafúrdios nem falar a linguagem dos extremos para obter êxito. A batida correta da marcha se apoia na confiança de que não há nada mais sólido, persuasivo e fadado ao sucesso que a unidade de uma maioria assentada no alicerce da razão.

Publicado em VEJA de 10 de junho de 2020, edição nº 2690

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