A conta dos inúmeros erros que o presidente cometeu só durante os onze meses de pandemia finalmente chegou ao Palácio do Planalto. Bolsonaro sentiu o impacto e está com medo. O sinal mais eloquente disso foi a declaração de que as Forças Armadas decidem se um país quer viver na democracia ou na ditadura.
Esse tipo de insinuação intimidatória já foi feito por ele uma vez, quando sentiu o peso da reação institucional contra a escalada de atos antidemocráticos e precisou recuar entre outros motivos porque não teve respaldo dos militares que contam, os da ativa.
Repete agora a invocação quando sofre uma derrota política monumental, vê de volta o tema do impeachment e que o general nomeado por ele corre o risco de ser investigado pelos efeitos da incúria no comando do ministério da Saúde.
Sem apoio de lado nenhum, à exceção de meia dúzia de fanáticos na internet, Bolsonaro corre para debaixo das fardas em busca de proteção. Como é ruim de cálculo político pode ter dado mais um passo em falso. Dificilmente as Forças Armadas aceitarão o papel de murro de arrimo para as exorbitâncias presidenciais. Tanto podem ficar em silêncio quanto podem se manifestar pela obediência à Constituição.
Qualquer uma das duas hipóteses reservam à declaração de Jair Bolsonaro um lugar de honra no vácuo das ameaças vãs.