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O amor nos tempos de Covid-19

Resgatemos as cartas, como em 'O Amor nos Tempos do Cólera'

Por Lucilia Diniz
Atualizado em 29 Maio 2020, 20h25 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00

Depois de dois meses de distanciamento social, a situação não está fácil para ninguém. Não sou de dourar a pílula, mas hoje me proponho a olhar o que estamos passando de uma perspectiva menos pesada, mais esperançosa. A reclusão a que somos obrigados a obser­var tem estressado a vida de muitas famílias, é verdade. Há notícias de casais se estranhando. Outros registram abalos em seu relacionamento. As circunstâncias, no entanto, não definem os desfechos das histórias, principalmente quando se trata de histórias de amor.

A pandemia me trouxe à lembrança O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez. Não pelo surto em si, mas pelo elogio lírico e irresistível que o escritor faz a um amor improvável, que desabrocha quando nada mais se espera da vida. Cartas e bilhetes permeiam uma relação platônica durante décadas. Pois o amor nos tempos do coronavírus também pode ser surpreendente. Cartas, por exemplo, mesmo que enviadas por meio eletrônico, ajudam a nos aproximar de quem amamos. Ao contrário de um telefonema, são atos de carinho que duram para sempre. Ao contrário de uma mensagem digitada impensadamente, exigem concentração e criatividade.

Se a vida a dois tem lá suas dificuldades em tempos normais, imagine quando o convívio é diuturno. O dia a dia é cheio de armadilhas, e é preciso arte e engenho para desarmá-las. García Márquez escreve que é mais fácil contornar as grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia. Ele tem razão. No livro, conta o caso de uma crise deflagrada por um fato tão irrelevante quanto a reposição de um sabonete.

“Não podemos ir ao cinema, mas podemos assistir de mãos dadas a uma série na TV”

O amor precisa de cuidados especiais, sobretudo nestes tempos difíceis. É um jardim delicado que deve ser cultivado a cada dia. É um sentimento que deve ser verbalizado. O amor deve até ser bem dosado, para que se evitem a carência e a saturação. O amor não tem receita. Vale a intenção. Às vezes não é preciso muito. Com duas simples velas se faz um jantar inesquecível. Uma roupa adequada — nem chique, nem desleixada — fará seu parceiro se lembrar dos primeiros encontros. E não descuide da trilha sonora. Rod Stewart — o crooner apaixonado, não o roqueiro — não deixa ninguém na mão. As limitações derivadas da pandemia não tiram as escolhas dos casais naquilo que há de essencial. Não podemos ir ao cinema, mas podemos assistir de mãos dadas a uma série na TV, e pouco interessa se a série é boa ou não — o melhor é sempre a companhia. Não podemos visitar amigos queridos, mas podemos dar abraços virtuais e erguer brindes em grupos. E, sim, podemos lhes escrever.

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Se o coronavírus nos deu um limão, você já sabe o que deve fazer — e não se esqueça servir a limonada com um toque de classe, talvez naquela jarra que, de tão estimada, nunca foi usada. A pandemia nos coloca ao lado de quem mais amamos e nos faz sentir sob o Céu de Santo Amaro: “Olho para o céu / Tantas estrelas dizendo da imensidão / Do universo em nós / A força desse amor nos invadiu / Com ela veio a paz, toda beleza de sentir / Que para sempre uma estrela vai dizer / Simplesmente amo você”. Cuide-se, leitor!

Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

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