Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Coluna da Lucilia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Lucilia Diniz
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

Comida do bem

Aprendemos a cozinhar na marra, mas é hora de ser gentil no preparo de receitas

Por Lucília Diniz
Atualizado em 4 fev 2021, 16h39 - Publicado em 4 fev 2021, 16h05

Alguém que começou a pandemia sabendo apenas fazer ovo frito já deve, a esta altura, estar usando o ingrediente para algo mais elaborado. Esperar ovos beneditinos seria demais? Pela explosão de hashtags como #cozinhaterapia nas redes sociais, nem me surpreenderia. Como o confinamento forçado nos obrigou a ficar dentro de casa, em muitos casos sem ajuda para as tarefas domésticas, despertou-se um chef adormecido em cada um de nós.

No princípio, foi uma festa. Muitos correram a buscar as receitas favoritas, receitas da infância, receitas provadas em viagens. O perigo é que, em casos de paladar afetivo, nossas lembranças são sempre mais doces que a realidade vivida. Não é por acaso que nos referimos à nostalgia como “edulcorada”. E tome açúcar, gordura, farinha!

Lá no início, a “pãodemia” levou o consumo de itens como leite condensado para as alturas. E nas alturas ele permanece. Entretanto, ninguém consegue viver de pudim, espaguete à carbonara ou lasanha aos quatro queijos a vida toda. É quando um sonho recorrente vira pesadelo, e chega o momento de despertar.

À medida em que compreendemos que o tempo dos abraços espontâneos e beijos sem máscara ficou para trás, aprendemos. Por isso, já não satisfaz aplacar apenas a fome dos olhos, também muito exacerbada pela internet. A comida que brilha, pinga, escorre e faz lamber os dedos, consumida sempre entre risos e flashes, é vazia como suas calorias.

Como nutrir o organismo de modo saudável tornou-se essencial, o prazer da gastronomia está se deslocando. Agora, o preparo do prato faz parte da experiência alimentar. Basta ver a questão de modo mais amplo.

Continua após a publicidade

Como aprendi percorrendo o caminho de Santiago, é a jornada que encanta, e nem tanto a chegada. Ao apurar a sensibilidade, vamos além do fim em si mesmo. Neste sentido, há quem valorize mais as preliminares, a partir do cultivo dos ingredientes e temperos em pequenas hortas domésticas. Cursando aulas de cerâmica, uma amiga está levando à mesa até a própria louça!

Fazer a comida, da refoga do alho e cebola aos elogios, é um ritual que supera o mecânico mastigar porque nos aproxima. Estabelecer esta simplicidade nos relacionamentos com as coisas, a partir dos ingredientes mais básicos de uma receita, nos torna cada vez mais aptos a lidar com as frustrações, e até com as pessoas. Quem nunca queimou um arroz, ou tomou um susto vendo a frigideira pegar fogo ao colocar um inofensivo tomate para refogar? Jogar água para apagar só piora, já que ela evapora rapidamente em contato com o óleo quente, levantando bolhas incandescentes por toda parte! O truque (que nossas mães nunca contaram) é abafar a frigideira com um pano úmido, o que tira o oxigênio da combustão. Experiência que vem com o tempo. E para quem aprende com ele.

Mais um motivo para tentar de novo, aprender novos preparos. Agora, é preciso mudar o foco e entender que o fim não é objetivo: o processo é que deve nos satisfazer.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.