Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Coluna da Lucilia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Lucilia Diniz
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

As dores da conquista

O segredo é saber diferenciá-las do sofrimento

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2021, 09h50 - Publicado em 22 out 2021, 06h00

A dor é o denominador comum a todo tipo de sucesso. Sem aquele esforço extra que a provoca, pouco ou nada se conquista. Pode reparar: sem muito trabalho não se obtêm resultados excelentes — uma regra de ouro que vale para atletas profissionais e amadores, concertistas, chefs, executivos, empresários ou qualquer pessoa que se imponha um desafio. Não importam o tamanho e a natureza do obstáculo a ser contornado. Pode ser a complexidade da burocracia para dar início a um novo empreendimento, a disposição de acordar mais cedo, a determinação de emagrecer. Em qualquer caso, a labuta resulta em superação, em excelência, em aperfeiçoamento.

Ah, Lucilia, então vai dizer que é bom sentir dor? Claro que não. Como diz Shakespeare numa comédia, “todo mundo é capaz de dominar uma dor, com exceção de quem a sente”. Mas a questão não é se é bom ou ruim sentir dor. A questão é: se a dor é inevitável para progredir na vida, então como lidar com ela? Em primeiro lugar, é preciso ter consciência de que toda dor sempre é localizada. Ela emana a partir de um determinado ponto de nosso organismo. O cérebro é que se encarrega de transmitir a sensação da dor generalizada, como se uma torção no tornozelo, por exemplo, tivesse reflexo no corpo inteiro. Aprendi isso por experiência própria. Anos atrás, depois que emagreci — perdendo metade dos 120 quilos que cheguei a pesar —, estava feliz da vida, sentindo-me estimulada a me exercitar todos os dias, e é provável que, em momento de maior animação, eu tenha passado do ponto. Resultado: fiz uma tremenda hérnia na coluna cervical. Até hoje meu pescoço dói muito. Esse episódio me deu oportunidade de perceber que a dor, por mais aguda, está restrita a um lugar — e nós não somos apenas esse lugar. A dor é no meu pescoço, mas eu não sou o meu pescoço. Não deixo que o restante do meu corpo se contamine por aquela dor pontual. Não nego que ela exista, mas não lhe dou atenção excessiva e convivo com ela — nós nos entendemos muito bem, obrigada.

“Qualquer dor é chata, mas ganhamos quando conseguimos colocá-la em seu devido lugar”

O segredo para suportar uma dor qualquer é estabelecer a diferença que ela guarda com o sofrimento. Dor é algo concreto, aquela sensação desagradável produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis ou por lesões de algum tecido do organismo. Já o sofrimento tem a ver com a expectativa da dor futura ou a lembrança da dor passada. Ela existe, sim, mas na nossa imaginação. Assim, se é fruto de um processo mental, pode ser amplificado ou aliviado, dependendo de nossa atitude. Até certo ponto, temos controle sobre isso. O corpo humano parece ter sido projetado para aguentar trancos de diversas intensidades. Basta, para tanto, preparar o espírito para enfrentá-los. Quando as estruturas mentais estão voltadas para a obtenção de determinado resultado, o corpo reage segundo esse comando, impedindo que a dor embace o êxito final.

Continua após a publicidade

Qualquer dor é chata, claro, e não quis aqui dourar a pílula. Mas ganhamos quando conseguimos colocá-la em seu devido lugar — o lugar onde ela deveria ficar circunscrita. Não é impossível. Para ajudar, pense nela como aquele ingrediente amargo sem o qual não calibramos a doçura de um coquetel.

Publicado em VEJA de 27 de outubro de 2021, edição nº 2761

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.