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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Vacinar exige planejamento

No desafio de desenvolver uma vacina, há que existir planos de distribuição, comunicação e de natureza comportamental

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 23 nov 2020, 16h35 - Publicado em 23 nov 2020, 16h00

A discussão sobre qual das vacinas hoje em diversas fases de testes clínicos, em desenvolvimento por diversos laboratórios e centros de estudo pelo mundo, vai funcionar melhor é um tanto acessória, a meu ver. Desde que tenhamos uma (ou mais de uma) que cumpra sua função de imunizar as pessoas, pouco importa qual seja, ou de onde venha. Mas, independentemente do caráter relativamente coadjuvante de tal discussão, alguns pontos valem para reflexão.

Em primeiro lugar, o quão bem um programa de vacinação “funciona” também dependerá de fatores como: a rapidez com que poderá produzir a vacina; a eficiência logística, para distribui-la nos locais mais necessitados; a capacidade de convencer o público a aceitar a imunização e de fazê-lo aderir às muitas estratégias complementares de prevenção (por exemplo, máscaras, lavagem das mãos, distanciamento) para limitar a propagação do vírus; a oferta em tempo oportuno para inserir as vacinas no PNI (Programa Nacional de Imunizações); e o preço proposto para a incorporação – além, claro, da aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e a lista não é exaustiva.

Os benefícios de qualquer vacina contra a Covid-19 – seja qual for o grau de eficácia verificado nos resultados definidos pelo ensaio clinico – dependerão de quão rápida e amplamente ela é implementada e do ambiente epidemiológico em que está inserida. Também dependerão de quantas doses serão necessárias: para a maioria das vacinas atualmente em ensaios clínicos em grande escala são séries de duas doses – incluindo aquelas dos laboratórios Pfizer e Moderna, com maiores chances de serem autorizadas em primeiro lugar. O Ministério da Saúde já se reuniu representantes de ambos, além de Janssen, Bharat Biotech e RDIF (Fundo Russo de Investimento Direto), sendo que alguns já aderiram ou pleiteiam adesão ao consórcio internacional de vacinas (Covax Facility).

O Brasil já possui previsão de acesso a 142,9 milhões de doses em acordos contratuais. De uma vacina de duas doses que leva de 28 a 42 dias para atingir a eficácia (e cuja eficácia máxima pode ser alcançada durante os próximos meses de inverno, com um R0 mais alto), deve-se esperar um impacto reduzido, se comparada com uma vacina de dose única com apenas 14 dias de atraso na eficácia. Embora essas últimas características específicas da vacina sejam fixas, a comunidade médica e de saúde pública e as instâncias governamentais podem intervir de forma produtiva. Isso significa dizer que, ao largo do desafio de desenvolver uma vacina (que passa por fases para que seja o mais segura e eficaz possível), há que existir planos de distribuição, comunicação e de natureza comportamental. Isso porque as medidas de contenção até agora adotadas, se bem sustentadas, só farão melhorar o resultado de uma campanha em massa de vacinação, mesmo que a eficácia não seja de 100%. O Ministério da Saúde segue a evolução de 270 estudos de vacinas no mundo.

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Ficam ainda as perguntas: onde estão tais planos? Onde estão os esforços para unir este movimento, que tornará viável um controle da transmissibilidade? Existiriam planos diferentes, que dependeriam da vacina a ser utilizada?

E por último, entendo que, num país com mais de 210 milhões de habitantes, tais perguntas deveriam constar de um plano de obrigatoriedade da cobertura dos convênios de natureza nacional capaz de agir dentro de nossas diversidades regionais.

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