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Claudio Lottenberg

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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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O 5G vem aí – e a saúde tem muito a ganhar com essa tecnologia

Quinta geração da internet móvel vai tornar possível a realização de cirurgias remotas e exames a distância, por exemplo

Por Claudio Lottenberg
15 nov 2021, 18h32

Tenho defendido de maneira enfática que, independentemente de uma maior segurança assistencial, o conceito da equidade é de igual valor e deve estar inserido nos cuidados com a saúde. Não podemos perpetuar dívidas sociais que excluam a saúde como um direito. O mundo digital é uma oportunidade para esse resgate e não podemos perder isso. A chegada do 5G deverá contribuir muito para estreitar distâncias no setor da saúde e consolidar essa inclusão.

O Brasil já vive os primeiros movimentos para a chegada da quinta geração da internet móvel. Isso trará um salto de conectividade em muitas áreas. Empresas e governos terão à mão uma ferramenta que vai transformar seus processos e o ganho de eficiência trará benefícios para a sociedade como um todo. As expectativas são altas. O 5G vai tornar possível, por exemplo, a realização de cirurgias remotas e exames a distância com realidade aumentada e velocidade em tempo real.

E isso mal dá início à lista: vão crescer em qualidade as jornadas de médico e paciente, diagnósticos e a digitalização da assistência médica. O custo do atendimento médico também refletirá a melhoria trazida pela nova tecnologia, que, uma vez funcionando, ampliará o acesso – e, pela escala, não encarecerá. Ao ser incorporada à rede pública, será possível levar atendimento de qualidade para regiões do país absolutamente carentes de tudo, serviços médicos inclusive.

A telemedicina deverá ser a face mais visível dos benefícios trazidos pela conexão 5G. Qualidade de som e imagem e a possibilidade de enviar documentos e laudos em tempo real vão melhorar muito a assistência, e com maior segurança. Será possível também avançar com a incorporação da inteligência artificial à área de maneira mais rápida e ampla. Afinal, é preciso uma rede mais estável e veloz para que se transmitam dados nos volumes necessários de modo a tornar possível o aprendizado em tempo real (ou perto disso) requerido para atendimentos e procedimentos mais sofisticados. Veremos um salto qualitativo imenso nas áreas de bancos de dados e de automação processual. O que por muito tempo pareceu algo possível apenas na ficção científica pode agora estar mais perto do que imaginamos.

No Brasil já existem esforços para viabilizar a assimilação da tecnologia 5G tanto no serviço público de saúde como na rede privada. Também deverão receber um vigoroso impulso as healthtechs – as startups que atuam no segmento de saúde. O Brasil tem potencial para ser um celeiro de startups nesse setor. Dados da consultoria especializada em startups Distrito mostram que o número de healthtechs brasileiras passou de 248 para 542 entre 2018 e o ano passado – empregando perto de 19 mil trabalhadores e movimentando cerca de US$ 460 milhões em investimentos no período. Quando a conexão for mais estável e rápida, haverá oportunidade não só para que mais companhias entrem no setor como para oferecer uma diversidade ainda mais ampla de serviços.

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Mais companhias competindo, com serviços de qualidade crescente, vão resultar em mais acesso da população à saúde privada, com as quedas de custos e de preços. O resultado é um ciclo virtuoso de mais gente com acesso a serviços de excelência, por preços que devem ir se tornando mais acessíveis. Isso pode inclusive desafogar determinadas demandas que hoje estão represadas, principalmente por causa da pandemia.

Claro, tudo isso vai exigir regulamentações para que seja implementado. Nessa frente, as expectativas deverão ser matizadas por eventuais demoras – basta lembrar que a regulamentação para a telemedicina no país ainda é de caráter provisório. Mas com as transformações que a conexão mais rápida à internet trará, será necessário acelerar os processos de aprovação. Há ainda a necessidade de se construir a infraestrutura de antenas para que o sinal chegue a todo o país. Nas capitais e regiões metropolitanas isso deve ser mais célere – enquanto as localidades mais remotas possivelmente terão que aguardar prazos maiores.

Sejam quais forem as dificuldades à frente na implementação da tecnologia 5G no país, estamos mais perto agora de vê-la se tornar realidade. A chegada deve se dar de forma desigual, mas avançará pelo país, e a saúde é um dos setores que está com os preparativos bastante adiantados para recebê-la. Dessa forma, finalmente o Brasil poderá entrar de vez no universo da saúde digital.

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