
Os investimentos anuais em TIC (tecnologias da informação e comunicação) ultrapassarão a fabulosa marca de US$ 4 trilhões em todo o planeta no futuro próximo. Nos últimos anos, a média de crescimento dos investimentos nessas tecnologias ficou em 3,5%. EUA e China, no ano passado, investiram mais de US$ 10 bilhões só em IA (Inteligência Artificial), e esses investimentos devem seguir em ritmo crescente por pelo menos mais dez anos. Os dados são de levantamento recente da consultoria Gartner, que auxilia seus clientes a tomarem decisões melhores por meio de soluções tecnológicas.
Isso tudo é indicativo de que a tecnologia 5G fará da internet móvel um recurso cada vez mais necessário ao nosso dia a dia. Com a conexão mais rápida e estável proporcionada pelo 5G, o mundo corporativo deverá recorrer de modo cada vez mais intenso à implementação de ferramentas de IA em seus processos e operações. A nova velocidade de conexão vai acelerar ainda mais a transformação já em curso no mundo todo – e a saúde, por óbvio, não pode e não ficará de fora.
A saúde, simplesmente o maior patrimônio da vida, tal como se encontra hoje, é marcada pela falta de acesso, por desperdícios e, sobretudo, pela falta de criatividade e ousadia. São necessárias alternativas, soluções inovadoras, e mais que isso, inclusivas. A telemedicina é o sinal mais evidente hoje de que se busca romper paradigmas, mas esse rompimento requer responsabilidade, para que se mantenha a qualidade e a segurança de informação.
O Brasil deu um passo importante rumo a essa transição na área da saúde com a chegada do aplicativo Binah, que trabalha com reconhecimento facial. Criado em Israel, o app, trazido ao país pela HI (Health International), analisa os sinais vitais do paciente por reconhecimento facial. Não requer uso de gadgets, wearables, equipamentos de medição domésticos ou outros acessórios: ele simplesmente analisa uma selfie dele, que pode ser tirada com o celular, um tablet ou mesmo do laptop. Apoiando-se em traços das bochechas e da testa, atuando com algoritmos e bancos de dados, o aplicativo extrai da imagem um grande conjunto de sinais, como batimentos cardíacos, variação da frequência cardíaca, saturação de oxigênio, respiração e medidas de estresse mental. A partir disso, cria marcações do estado do usuário e, com o uso recorrente, é possível antecipar as tendências de bem-estar dessa pessoa. Até o final do ano, a HI deve atualizar o app para que passe a medir pressão arterial, temperatura, taxas de hemoglobina e nível de álcool no sangue.
O Binah tem precisão médica comprovada, com nível de erro nunca superior a 3%. Foi vencedor do prêmio CES 2020 Innovation Award, um dos principais do mundo em inovação. O processo de aprovação no FDA (sigla em inglês para Administração de Alimentos e Remédios dos EUA) deve ser iniciado em agosto e em breve também será iniciado processo na Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) – embora nenhum dos dois seja obrigatório. Ele já é utilizado também na Austrália, Índia, Itália, Alemanha e no Japão (onde mais de 6 milhões de pessoas são usuárias).
Soluções como o Binah terão importância crescente no Brasil para, por exemplo acompanhamento médico de idosos: estima-se que em 2030 o Brasil terá mais idosos que crianças e adolescentes de zero a 14 anos. Os idosos também são a população mais atingida por doenças crónicas: 25,1% têm diabetes; 18,7% são obesos; 57,1% têm hipertensão; e 66,8% tem excesso de peso – todos dados do Ministério da Saúde. Poder contar com um atendimento médico que dispense o deslocamento – e o risco de se contrair uma infecção – será uma revolução nas vidas dessas pessoas.
O 5G está nos seus passos iniciais no Brasil, mas sua chegada já é um fato. Assim como um dia a velocidade 4G foi revolucionária – e permitiu que o smartphone se tornasse uma ferramenta essencial nas vidas de todos –, o 5G vai acelerar ainda mais essa revolução. Cabe a nós fazer sua incorporação de forma cuidadosa – sem que para isso se abra mão da ousadia e da coragem.