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A cada mês, cinco milhões de pessoas trocam o campo pelo asfalto. Ao final do século seremos a única espécie totalmente urbana do planeta. Conheça aqui os desafios dessa histórica transformação.
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“Cidades ‘caminháveis’ são mais prósperas e agradáveis”

Em entrevista ao blog , o urbanista Jeff Speck afirma que os pedestres devem servir de medida para o planejamento urbano

Por Mariana Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2020, 00h20 - Publicado em 9 out 2015, 16h21

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O urbanista americano Jeff Speck se dedica a estudar como as cidades podem crescer de maneira inteligente e sustentável. Ao longo de sua carreira, foi diretor da agência federal National Endowment for the Arts, responsável por criar parcerias entre governo e comunidades para difundir cultura, e dirigiu o Mayors’ Institute on City Design, voltado à preparação de prefeitos. Nos mesmos moldes, criou o Governors’ Institute on Community Design, para orientar governadores a combater a expansão dos surbúrbios.

Toda a sua experiência pode ser resumida em duas constatações principais. Primeiro, cidades concentradas são melhores do que espalhadas. Segundo, cidades onde tudo pode ser feito a pé são melhores do que as dependentes do carro. Em seu mais recente livro, Walkable City (2013, North Point Press/ Cidade Caminhável, em tradução livre) Speck detalha por que ter o pedestre como a medida de todas as coisas torna os centros urbanos mais prósperos e agradáveis. Se ele fala sobre calçadas? “Pouco, pois está subentendido o quanto são essenciais”, disse em entrevista ao blog.

No Brasil, porém, as calçadas permanecem relegadas a segundo plano. Para tentar reverter esse quadro, o blog Cidades sem Fronteiras e o portal Veja.com lançaram a campanha #calçadaVIVA, que combina aplicativo e uso das redes sociais para identificar problemas e melhorar as cidades onde vivemos.

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Confira abaixo os principais benefícios das cidades caminháveis e a entrevista exclusiva com Jeff Speck:

Para Speck, carros, bicicletas e pedestres devem compartilhar espaços quando o fluxo é baixo

Mifflin Street, em Wisconsin, onde carros, bicicletas e pedestres compartilham o mesmo espaço, a exemplo do que Speck sugere

1) Por um longo tempo, as calçadas foram praticamente ignoradas e consideradas desimportantes. O que fez com chamassem a atenção e virassem assunto?

Há cada vez mais gente querendo ter a possibilidade de fazer suas atividades a pé. Isso ocorre porque, em termos de status social, o iPhone é o novo carro. E, em termos de saúde, ficar parado é o novo cigarro. Ou seja, a cultura do automóvel não é mais atraente como foi décadas atrás. Não posso falar sobre as calçadas no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa elas nunca perderam importância, exceto nos subúrbios, onde quase ninguém anda a pé. Meu livro Walkable City, dedicado à importância das “cidades caminháveis”, fala pouco sobre as calçadas propriamente, porque está subentendido o quanto são essenciais.
2) Que benefícios boas calçadas podem trazer às cidades e às pessoas?

Não vou dizer o que todo mundo sabe, que calçadas amplas, seguras, atraentes, com sombras, são essenciais para a segurança e o conforto dos pedestres e para criar uma cultura de andar a pé. Há outros fatores a serem considerados. Quando você compara áreas urbanas caminháveis com áreas de subúrbio dependentes do automóvel, você descobre que o primeiro grupo tem maior valor no mercado imobiliário, imóveis com menor tempo de vacância, empresas com maior faturamento, residentes mais saudáveis, menores índices de obesidade e emissões de carbono per capital consideravelmente menores.


3) A maioria das grandes cidades tem de lidar com a disputa de espaço entre bicicletas, carros e ônibus e ainda abrir espaço para calçadas. Como resolver isso?

Dependendo do fluxo de pessoas, há duas soluções para isso. Uma é conceder um espaço específico para cada modalidade: faixas para automóveis, faixas para ônibus, ciclovias protegidas e calçadas bem definidas. Isso é o mais adequado para áreas com grande fluxo. Já as áreas de menor fluxo se beneficiam exatamente da fórmula oposta: espaços compartilháveis onde motoristas, ciclistas e pedestres convivem em um ambiente de baixa velocidade. A esses espaços, indivisíveis e não demarcados, chamamos ruas nuas (naked street). São essencialmente praças para pedestres em que o tráfego de carros e bicicletas também é permitido. Elas funcionam bem porque o ritmo é ditado pelos pedestres, o que faz com que todos se locomovam mais devagar.

No caso de o espaço ter de ser subdividido, isso deve ser feito da forma mais balanceada possível. Se metade da população usa ônibus, então os ônibus devem ocupar metade do espaço. Agora, se considerarmos que as pessoas que caminham ou pedalam contribuem para a própria saúde, para a economia local e para a sensação de bem-estar geral, as cidades que valorizam saúde, prosperidade e sutentabilidade devem priorizar pedestres e ciclistas em detrimento dos veículos motorizados.

 

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4) Nas últimas décadas, os carros deixaram de ser encarados como heróis e passaram a ser considerados vilões. O senhor acha que algum dia eles poderão ser vistos apenas como o que são, ou seja, um meio de transporte?

Essa questão é baseada numa falsa premissa, de que uma forma de transporte que serve a poucos às custas de muitos e que traz bem mais prejuízo do que outras alternativas de transporte deveria ser julgada como apenas mais uma maneira de se deslocar entre várias existentes. As exigências do automóvel sobre o espaço, o tempo, a vida, a integridade física e a atmosfera fazem com que ele mereça ser considerado um vilão. Torço apenas para que esse sentimento cresça.


Por Mariana Barros

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