Na pandemia, ‘Cannabis’ é produto essencial
Na Califórnia, fechamento do comércio não vale para os dispensários da erva. No Brasil, empresa toma medidas para garantir o abastecimento

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus fez com que governos, empresas e cidadãos se mobilizassem para evitar a proliferação descontrolada do patógeno. Como uma das medidas mais eficazes neste momento é o isolamento social, muitas autoridades recomendaram (e até determinaram) restrições à movimentação de pessoas e o fechamento de comércios não-essenciais. Na Califórnia, foram autorizados a funcionar os supermercados, mercearias, lojas de materiais de construção, serviços públicos e dispensários de cannabis. Em um estado onde a erva é legalizada para uso medicinal desde 1996 e para uso adulto desde 2018, é alentador ver que o governo reconhece sua importância neste momento de crise sanitária. Na Holanda, os famosos coffee shops que vendem cannabis chegaram a ser fechados, mas acabaram reabertos após uma corrida dos consumidores às lojas.
Moradora de San Diego, no extremo sul californiano, a presidente da HempMeds Brasil, Caroline Heinz, aprovou a medida. “As pessoas não podem ficar sem seus medicamentos, principalmente quando precisam estar mais fortes para enfrentar a pandemia”, afirmou em conversa com o Cannabiz nesta sexta-feira. Preocupada em garantir o fornecimento sem interrupções para os cerca de três mil pacientes que atende no Brasil, a HempMeds também adotou algumas medidas de contingência para atravessar este período de incertezas. “Estamos dando 30% de desconto nos produtos para compensar a alta do dólar e manter os preços acessíveis. Trabalhamos com medicamentos de uso contínuo, os pacientes, muitos deles crianças, não podem ficar nem um dia sem tomar”, contou. Além do desconto, Heinz informou que a HempMeds está parcelando e facilitando os pagamentos dos pacientes brasileiros. A empresa também movimentou parte de seus estoques, em quantidades suficientes para três meses de fornecimento ao mercado nacional, de Utah para a Califórnia, a fim de evitar quaisquer contratempos logísticos. De lá, os produtos seguem para o Brasil. “Daqui temos mais controle e conseguimos despachar com mais agilidade”, completou.
A cannabis não é indicada para o tratamento dos sintomas da COVID-19, mas seu papel é manter os pacientes crônicos em boas condições clínicas durante o surto. Assim como os demais setores da economia, o mercado da cannabis também tenta reagir à pandemia, dentro de suas possibilidades.