Inverno: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Caçador de Mitos

Por Leandro Narloch Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Libera o Uber, Haddad!

Por Leandro Narloch
Atualizado em 5 jun 2024, 06h46 - Publicado em 10 abr 2015, 13h34
she-taxi_1

Os “she taxis”: o Uber para mulheres na Índia

Os motoristas do Uber têm carros mais luxuosos e seguros que os táxis comuns, não cobram adicional de 50% para o aeroporto, oferecem água, bala e às vezes bombons para os passageiros e têm, por regra, vestir roupas sociais e usar o Waze, garantindo aos passageiros a escolha da melhor rota. Cobram um valor similar ao dos táxis, apesar de usar carros mais caros e pagar mais impostos (taxistas compram com valor 35% menor, sem impostos).

Continua após a publicidade

Numa cidade sensata, o aplicativo e os motoristas ganhariam homenagens e condecorações. A prefeitura reconheceria o mérito do serviço inovador e criativo que aumentou o conforto e o direito de escolha dos consumidores.

Mas está acontecendo o contrário. A prefeitura de São Paulo multa os motoristas, apreende os carros e considera o negócio de clandestino. Motoristas trabalham com o medo de não ter emprego no mês seguinte.

Tudo isso por pressão dos taxistas. Como sempre acontece, os pequenos grupos de pressão tentam levantar barreiras de entrada a novos concorrentes e quase sempre conseguem, para prejuízo dos consumidores. Qual político quer perder tantos eleitores taxistas?

Continua após a publicidade

Haddad tem mostrando coragem ao insistir em ações impopulares, como a criação das ciclovias. Pois deveria resistir à pressão dos taxistas e parar de incomodar o Uber. Os prefeitos de Nova York, Londres e São Francisco também enfrentaram protestos da classe, mas não deram bola. Mesmo porque proibir esse modelo de negócio é impossível.

No passado, licenças para táxis eram necessárias por causa da assimetria de informação entre o passageiro e o motorista. Ao entrar no táxi na rua, o cliente não sabia nada sobre o taxista. Não dava pra saber se era um assaltante, um estuprador ou um picareta que abusaria no preço. Em todo o mundo, o governo entrou para organizar o negócio.

Mas a internet móvel tornou a ajuda do governo desnecessária. Hoje os aplicativos tornam possível saber a identidade, a pontualidade e a avaliação do motorista por outros clientes. Os clientes sabem muito bem que, para carros acionados por aplicativo, não precisam da licença oficial para se sentirem seguros. A localização pelo celular tornou pontos de táxi algo obsoleto.

Continua após a publicidade

Ao tentar barrar o Uber, Haddad bloqueia um enorme mercado de soluções criativas para o trânsito das cidades. Na Índia, há similares do Uber só com motoristas mulheres (os she taxis, na foto acima). Em Nova York, só para idosos ou para levar crianças para a escola. Em Londres, aplicativos como o Kabbee comparam até o preço de diferentes companhias de mini cabs, o serviço paralelo aos black cabs oficiais.

Há projetos ainda mais inovadores. Um grupo de jovens urbanistas e empreendedores de São Paulo está criando um empresa de demand responsive transport. É uma espécie de Uber coletivo, no qual vários passageiros que têm o mesmo destino dividem a corrida. Se dez moradores de Copacabana precisam chegar ao Galeão às 17h, não há motivo para pegar dez táxis: basta dividir a mesma van. O aplicativo traça a rota estipulando um tempo máximo de desvio para buscar os clientes. O negócio tira vários carros da rua e diminui o trânsito, mas provavelmente vai ser chamado de clandestino pelos prefeitos do Brasil.

@lnarloch

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 2,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Ofertas exclusivas para assinatura Anual.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.