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Caçador de Mitos

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Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Irritado com a opinião política do taxista? Eu tenho a solução

Precisamos criar uma tabela de descontos de acordo com a conversa no táxi. O taxista teria assegurada sua liberdade de expressão – e os passageiros ganhariam descontos de até 99%!

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 23h41 - Publicado em 20 jan 2016, 13h04

Concordo, é inconstitucional a decisão da prefeitura de São Paulo de proibir taxistas de conversar sobre política e religião. Mas vocês devem convir que o problema existe e é gravíssimo. Não é de hoje que nossos sensíveis e inocentes ouvidos são obrigados a processar opiniões das mais escabrosas de alguns dos senhores ao volante.

Por isso bolei um jeito do mercado resolver o problema. Minha ideia genial é criar uma tabela (taxista adora tabelas) de descontos de acordo com o assunto da conversa (do monólogo) do taxista. Tentaríamos convencer os aplicativos a só aceitar motoristas que respeitem a tabela. O cidadão seguiria ouvindo opiniões irritantes, mas seria recompensado com uma viagem mais barata. Quem quiser pagar menos na viagem pode decidir: “Hoje tô sem grana, vou tentar encontrar um taxista que defende a Dilma. Será que ainda existe algum?”.

Eis uma versão beta da tabela:

– Taxista defendendo Paulo Maluf: 10% de desconto. (Por que só 10%? Porque taxista malufista já virou piada, é até engraçado.)

– Redundâncias e erros de português (“subir pra cima”, “quer que eu pego a direita?”, “se eu fazer”): 15% de desconto.

– Clichês em geral (“político é tudo igual”, “quatro estações no mesmo dia”, “o bom de ficar em São Paulo no feriado é que a cidade fica vazia”, “não tomo Coca Zero porque adoçante dá câncer”, “o problema do Brasil é o brasileiro”): 25% de desconto.

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– Clichês a la Alborghetti (“bandido bom é bandido morto”): 30% de desconto.

– Opiniões mal construídas à esquerda e à direita: 40%.

– Pregação religiosa ou política em geral: 50%.

– Teorias conspiratórias (“a Caloi está pagando o Haddad para ele construir ciclovias”): 60%.

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– Equívocos econômicos (“a culpa é da especulação imobiliária”, “é preciso coibir os lucros das grandes empresas”, “tem que tabelar os preços”, “precisa privilegiar a indústria nacional”): 63,39% de desconto.

– Clichês do PT (“mas o PSDB também rouba”, “pelo menos agora os corruptos vão para a cadeia”, “o problema é a crise internacional”, “o PT teve que se aliar a corruptos para ter governabilidade”): 75%.

– Defesa do governo Dilma: 80% de desconto.

– Defesa de José Dirceu: 90% de desconto.

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– Preconceitos e discursos intolerantes em geral: 95% de desconto.

– Defesa do nazismo, comunismo e demais sistemas totalitários: 97% de desconto.

– Elogios ao novo álbum da Adele: 98% de desconto.

– Declaração de voto em Lula em 2018: 99,13% de desconto.

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Para fazer justiça aos taxistas, que passam muito mais tempo ouvindo opiniões indesejáveis que o passageiro comum, podemos criar a tabela oposta: o preço cresce de acordo com os modos e a opinião dos clientes. Passageiro não disse “bom dia”? Quinze por cento de acréscimo, e por aí vai.

Os benefícios da tabela são imensos. Um problema já bem diagnosticado da vida intelectual é que falar é fácil e barato. Dar uma opinião estúpida custa muito pouco e dificilmente trará prejuízos ao autor da tolice. Com a tabela, o problema do cheap talk acaba. Quer dar opinião sobre o mundo? Pague por isso.

Prometo para a próxima semana uma tabela semelhante para outros profissionais.

(Modo IRONIA ligado)

@lnarloch

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