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Valentina de Botas: A indiferença ao sofrimento dos mais vulneráveis e o deboche à inteligência de todos

VALENTINA DE BOTAS Todo mundo é um teatro, disse certo príncipe porreta na Dinamarca onde havia algo de podre. A voz baixa ainda que limpidamente audível; o olhar fixo, ainda que sem hostilidade, no interlocutor; a face rígida ainda que sugerisse incerto desdém; o tom monocórdico ainda que preenchido pelas falas bem articuladas; o homem […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 01h11 - Publicado em 10 jun 2015, 17h16

VALENTINA DE BOTAS

Todo mundo é um teatro, disse certo príncipe porreta na Dinamarca onde havia algo de podre. A voz baixa ainda que limpidamente audível; o olhar fixo, ainda que sem hostilidade, no interlocutor; a face rígida ainda que sugerisse incerto desdém; o tom monocórdico ainda que preenchido pelas falas bem articuladas; o homem se impôs ainda que por modos educados. Renato Janine Ribeiro fez esse teatro do teatro (a simulação do falso) no Roda Viva inteiro, mas com especial desassombro quando encurralado pelos fatos.

Destaco o momento em que João Gabriel de Lima perguntou o que teria a dizer um professor de ética a respeito da ruína moral do PT, partido do coração e da alma do ministro da educação. Invocando o resgate de milhões de pessoas da miséria, à qual ninguém em 500 anos deu atenção até o advento Lula, falou sim de corrupção: um certo mensalão do PSDB que até hoje não foi julgado. Talvez porque não existe, mas na metaética da hipocrisia do estranho filósofo que rejeita a verdade isso não importa.

O entrevistado mostrou-se ético e petista – equação de resolução impossível com a parte ética sendo petista e a parte petista sendo petista mesmo. Cometendo um monólogo pateticamente alheio ao mundo real e à pergunta, falava consigo ele, aos próprios afetos e respectivas desordens, de dentro do território mental lulopetista para exibir o centro mais vivo e desgraçado da era da mediocridade: a submissão dos oportunistas a ela, o refúgio dos cretinos nela, a cumplicidade de muitos bem-pensantes com ela, o gozo dos medíocres dentro dela.

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Os tais miseráveis tirados da miséria foram deixados aqui mesmo, para tirar férias CVC sem saber que pagaram caro por uma porcaria, num país cujo governo paga a promessa PAC não cumprida prometendo um PIL que sabe que não cumprirá, um país esbulhado, com 40 mil leitos a menos do SUS, com mais analfabetos funcionais, com 60 mil assassinatos anuais, com educação assaltada. ou seja, o tal resgate se revelou insustentável e, então, o álibi se álibi fosse, não há. Mas e daí?

No teatro do teatro, ministro e presidente insistem na castração do pensamento e da decência como instrumento de governo suportada na conveniência aberrante segundo a qual a corrupção, que afinal sempre houve (quem disse que não?), está sobejamente compensada pela competência, bondade e justiça do lulopetismo: uma doxa patife que gruda na pele e no cabelo; mete-se embaixo das unhas; irrita as mucosas; alcança os ossos; confunde o juízo. É institucional, oficial, legal, ampla como a inverdade que a consubstancia.

Na direção do teatro do teatro criminoso, a indiferença ao sofrimento dos mais vulneráveis e o deboche à inteligência de todos. O anúncio do PIL, outra antessala da insânia onde Dilma finge que tem um projeto para o Brasil além da cilada mal disfarçada, lembra ao algo de país decente nessa podridão que ele só desempenhará o papel de nação civilizada quando retomar o palco e reescrever o roteiro.

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