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O jogo rápido do mundo

O Brasil não está distante do problema de imigração. Nossa fronteira com a Venezuela é palco de um fluxo cada vez maior de refugiados econômicos e políticos

Por Fernando Gabeira
Atualizado em 30 jul 2020, 20h25 - Publicado em 26 jun 2018, 07h23

Fernando Gabeira (publicado no Globo)

Enquanto estamos todos envolvidos na Copa do Mundo, o mundo continua rodando, com seus paradoxos. Um deles, o mais importante, é revelado pela facilidade com que dinheiro e mercadoria circulam pelo mundo e pela dificuldade cada vez maior para a circulação da força de trabalho.

Esse roteiro principal foi dramatizado no início da semana, com a decisão do presidente Trump de separar crianças dos seus pais, na fronteira com o México. É de doer o coração, porque implica suspender algo que sempre vigorou no mundo pelo qual transitam refugiados: a reunião das famílias.

O Brasil não está muito distante desse problema. Nossa fronteira com a Venezuela é palco de um fluxo cada vez maior de refugiados econômicos e políticos. Esse enredo principal, o drama dos refugiados, acabou se entrelaçando com o secundário, a Copa do Mundo.

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As autoridades finlandesas, segundo o Moscou Times, avisam que sete torcedores que foram à Rússia para a Copa cruzaram a fronteira e pediram asilo na Finlândia. Eles entraram na Rússia como torcedores, inclusive com a carteirinha chamada aqui de Fan ID, e, em vez de assistirem às partidas de futebol, avançaram para o Norte, em busca de um refúgio seguro. Isso mostra apenas que, mesmo na euforia da Copa, não é possível ignorar os dramas do mundo. Assim como não é possível ignorar suas constantes mutações.

O caso dos brasileiros e de outros latinos que assediaram mulheres e crianças, forçando-as a repetir frases obscenas num idioma que ignoram, é típico da incompreensão sobre o curso do mundo. Creio que, falando do Brasil apenas, de certa forma falhamos nos meses e nos dias que antecederam a Copa.

Temer foi à televisão dizer que as nossas divergências acabam na Copa e que devemos torcer unidos. Lula fez comentários esportivos de dentro da cadeia. A imprensa, na qual me incluo, falou muito da Copa, da Rússia e de tudo mais. No entanto, não atinamos para a necessidade de uma campanha educativa para a torcida que se deslocaria para cá. Era preciso lembrar que o mundo mudou. A própria embaixada, com boas intenções, disse claramente o que poderia ser proibido por lei. Mas a questão cultural não foi abordada.

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Os torcedores que saem do país para apoiar a seleção também nos representam. Os japoneses têm consciência disso: limparam o estádio depois do jogo, numa operação de imagem diplomática. Os senegaleses gostaram da ideia e seguiram o mesmo caminho. É fora da realidade esperar que nos comportemos como os japoneses. Já mostraram isso quando sofrem um desastre: recuperam-se num átimo, enquanto nós nos arrastamos, e parte do dinheiro é tragada pela corrupção.

Logo, o problema não é imitar japoneses, nem suecos, nem ingleses — sobretudo esses, que às vezes se envergonham do quebra-quebra de seus hooligans. O problema é apenas sermos um pouco melhor do que somos. Compreender que certos comportamentos ainda tolerados por muitos brasileiros são condenáveis. De qualquer forma, o que aconteceu foi um aprendizado. Nas próximas oportunidades, será necessário articular campanhas pedagógicas. O presidente da República precisa se manifestar, os políticos, também. A imprensa, então, nem se fala.

Os europeus vivem problemas semelhantes, não apenas com hooligans, mas com o racismo. Copa do Mundo e eventos de dimensão internacional são um importante momento para combater racismo, machismo e homofobia. E aí não se trata de ser politicamente correto. É apenas uma questão de bom senso.

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