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Por Coluna
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Apelos ao razoável

A questão essencial neste momento é tentar entender a natureza do fenômeno que enfrentamos na próxima votação

Por William Waack
Atualizado em 30 jul 2020, 20h18 - Publicado em 28 set 2018, 15h13

William Waack (publicado no Estadão)

Não acho que as opções mais prováveis que se colocam diante do eleitor após o primeiro turno ─ a julgar pelo cenário trazido pelas pesquisas mais recentes, seria o confronto Fernando Haddad versus Jair Bolsonaro ─ sejam uma escolha de Sofia ou possam ser descritas como dilema do prisioneiro.

A primeira é a horrível situação, descrita no filme com Meryl Streep sobre a rampa de seleção em Auschwitz, em que qualquer escolha implica uma tragédia. O segundo é uma adaptação da Teoria dos Jogos, segundo a qual escolhas individuais visando exclusivamente a interesse próprio (nesse contexto, o voto anti-Bolsonaro ou o voto anti-PT) acabam produzindo um resultado coletivo pior para cada indivíduo.

Acho que a questão essencial neste momento é tentar entender a natureza do fenômeno que enfrentamos na próxima votação ─ duas posturas radicalmente opostas, antagônicas e, a julgar pelo palavreado em curso, irreconciliáveis. Trata-se de ocorrência efêmera, típica de polarização em disputa eleitoral, ou, ao contrário, de uma profunda transformação da política brasileira caracterizada, antes de mais nada, pelo “esfarelamento” do que se poderia descrever como “centro”, “moderação” ou “equilíbrio”?

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Tendo pela segunda hipótese. Em primeiro lugar, não é nada novo o fenômeno da resistência ao lulopetismo, que é a expressão do que há de retrógrado e atrasado na política brasileira, resistência que levou ao impeachment de Dilma Rousseff e a resultados de eleições como as municipais de São Paulo de 2016. Em segundo lugar, em oposição à ferocidade como o lulopetismo se dedicou (em parte com dinheiro público desviado, como hoje sabemos) a destruir seus adversários políticos, encarados sempre como “inimigos do povo”, cresceu um vigoroso movimento pendular contrário, com capilaridade, abrangência e características próprias de uma “guerra cultural” (ou seja, de afirmação ou negação de valores).

No meio desse movimento foram apanhadas elites pensantes que, à falta de um projeto de País razoavelmente desenhado, e em dúvida sobre as próprias ideias, parecem pregar a um deserto de ouvintes ─ e que se sentem “órfãos” de representação ─ os valores democráticos, harmonia, estabilidade, coesão de princípios e o que mais pareça bonito, socialmente responsável e capaz de arrancar aplausos de gente “razoável”.

Neste momento difícil da política, as bandeiras “moderadas” ou “centristas” (não confundir com “Centrão”) realmente parecem empunhadas por quem, perdoem a expressão chula, se veste de freira num bordel.

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É óbvio que as pessoas “razoáveis” estão à mercê de uma onda que parece ter demonstrado seu tamanho (o candidato Jair Bolsonaro estacionado na ponta das pesquisas de intenção de voto), mas que está muito distante ainda de dizer para onde eventualmente nos levará.

Diante dessa onda, é claro que gente “razoável”, com convicções políticas “razoáveis” e disposta a entendimento entre “razoáveis”, lamenta que se tivesse deixado pela metade reformas de Estado, que se tivesse defendido timidamente o que parecia fazer parte “firme” de seu ideário econômico mais “liberal”, que, em busca do que é “pop”, se tivesse dado tanta crença a marqueteiros e que se esquecesse das estratégias políticas de maior alcance.

Dignos apelos ao que se possa considerar “razoável” não surtiram nem me parece que surtirão efeitos a curto prazo. Talvez seja o momento histórico em que mais se deva lamentar nossa evidente falta de verdadeiras lideranças.

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