Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

A Origem dos Bytes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
Continua após publicidade

Os planos do Google para conectar mais 1 bilhão à web

Os 5 passos que estão sendo dados pela empresa, e por outras gigantes do ramo, para garantir que a internet chegue à outra metade (desconectada) do mundo

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 20h58 - Publicado em 31 mar 2017, 16h13

Em entrevista que realizei com o CEO do Google, Sundar Pichai (no link, um teaser; a conversa está em VEJA desta semana), perguntei a ele sobre uma ambiciosa meta da gigante do Vale do Silício: colocar mais 1 bilhão de pessoas na internet. Para nós, já acostumados à rede, às vezes fica a impressão de que todo o planeta está on-line. É só impressão. Na real, somente cerca de metade dos 7 bilhões de seres humanos têm acesso à web. Claro, o Google quer colocar mais gente nessa onda para lucrar com isso, por meio de seus tantos serviços, à exemplo do próprio Google.com, do YouTube, do Waze, do Gmail e do navegador Chrome. Contudo, são inegáveis as desvantagens, sociais e econômicas, de não estar conectado. Perdem-se oportunidades de negócios, de se expressar, de se comunicar (como por meio de redes sociais). Portanto, trata-se de um esforço mais que bem-vindo. Mas como o Google planeja, ao lado de outras companhias do meio (como o Facebook), atrair mais 1 bilhão para a internet? Detalho 5 passos dessa estratégia, alguns dos quais apresentados em um megaevento realizado na semana passada em São Paulo:

1. Facilitar o funcionamento de aplicativos, e de outros softwares, em celulares baratos e em conexões precárias de 3G: Essa é também uma das estratégias centrais do polêmico projeto Internet.org, do Facebook. No Google, há táticas como permitir o compartilhamento e armazenamento em nuvem de imagens em baixa resolução quando em conexão ruim, ou de facilitar o uso do Mapas no modo offline.

2. Aumentar a presença dos conectados em aplicativos de GPS: Sabe-se, é claro, que a parcela off-line do planeta coincide com as camadas mais pobres da sociedade. São pessoas que, digamos, nem aparecem no Mapas ou no Waze. Uma das metas de empresas como o Google é colocar na internet a localização de comércios locais, ruas de favelas, reservas indígenas. Explicou, em entrevista concedida a este blog, o vice-presidente de Maps, Luiz Barroso: “Até o fim deste ano lançaremos, por exemplo, um serviço que permitirá que qualquer empresa, por menor que seja, possa criar uma página própria na internet. Já testamos o serviço com 50 000 estabelecimentos. É um empenho que seria impossível de ser realizado manualmente. Só conseguimos esses avanços com a aplicação de tecnologias de inteligência artificial, capazes de analisar automaticamente inserções e alterações em nossos programas de mapeamento.” Em suma, o objetivo é bem simples: colocar no mapa quem hoje está fora dele.

3. Tornar os produtos mais locais: Sundar Pichai me contou como é preciso fazer com que sites como o Google e apps como o Waze consigam compreender dialetos locais, como os de sua terra-natal, a Índia. Por enquanto, acredite, só quem fala um idioma mais amplo, à exemplo do inglês ou do português, consegue usufruir de tudo que a internet permite. Além disso, há iniciativas que procuram inserir culturais regionais no ambiente da web. Resumiu Tamar Yehoshua, VP de produtos de busca do Google, em conversa para este blog: “No Brasil, por exemplo, sabemos que vocês amam futebol. Por isso, estamos sempre aprimorando nossos algoritmos para darem melhores resultados sobre esse assunto no Google Brasil”.

Continua após a publicidade

4. Criar produtos que conectam as pessoas, sem que elas percebam: Neste ponto a ideia é investir em serviços que são on-line, sem que seus usuários percebem que eles são on-line. Para tal, é preciso integrar tecnologias de inteligência artificial e de armazenamento em nuvem. Assim, por exemplo, ao chegar em um mercado uma pessoa pode ser auxiliada, em suas compras, por um software de IA. Ou, como já ocorre em metrôs e outros locais públicos da Coreia do Sul, qualquer um poderia comprar produtos e pedir que sejam entregues em sua residência, por meio de um gadget posicionado na plataforma do trem. Ou seja, mesmo quem não têm uma conta de 3G, ou um wi-fi em casa, acabará por se deparar com a internet em diversos momentos de sua vida.

5. Criar artifícios para quem não lida bem com tecnologia — e assim esses indivíduos poderão, mesmo assim, recorrer a ela: Nesse ponto, uma explicação dada por Ben Gomes, VP da área de engenharia de buscas (em outras palavras, o site do Google), a este blog resume bem a questão: “A inteligência artificial tem resolvido problemas que nós nem imaginávamos que ajudaria. Uma área que avançou demais foi a da tradução de textos. Quando o Tradutor começou, a tarefa executada por ele deixava muito a desejar. Hoje, é muito eficiente. O efeito é que, hoje, 20% das buscas feitas no Google são realizadas por comandos de voz. Não é preciso mais digitar nada, nem realizar operações minimamente complexas. Basta falar com a máquina, como fazemos com outros humanos”. Uma curiosidade: em nações pobres, como o Brasil, essa porcentagem de 20% é ainda maior. Aqui, neste passo, a lógica é da mais óbvia. Se é natural lidar com a tecnologia, se podemos interagir com ela da mesma forma que fazemos com nossos amigos e familiares, fica bem mais simples convencer os hoje desconectados a realizar isso.

LEIA TAMBÉM
Os influenciadores digitais são mesmo decepcionantes?
Sim, seu WhatsApp é (ou pode ser) vulnerável

Continua após a publicidade

Nenhum desses cinco passos se traduz como uma solução definitiva. A ideia é uni-los. Vale frisar que também não se trata de uma meta do Google, propriamente. Mas de uma de toda a indústria da tecnologia, em um empenho conjunto que acaba sendo guiado por esses passos. Comece a observar essas mudanças ao seu redor. Pois elas serão vantajosas a qualquer um, não apenas aos que começarão a explorar a internet. Para quem já está nela, representa gastar menos dados do 3G / 4G, possuir softwares – quase invisíveis – que ajudam a aliviar as tarefas rotineiras, dentre tantas outras possibilidades.

(Com reportagem de Talissa Monteiro)

Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicic, e no Facebook.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.