Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

A Origem dos Bytes

Por Filipe Vilicic Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.

‘Cam’ (Netflix): seria um dos melhores episódios de Black Mirror

Alucinante, envolvente e, mais do que tudo isso, um filme que nos provoca a pensar sobre quem somos na internet

Por Filipe Vilicic 22 nov 2018, 17h21

Se David Lynch rejuvenescesse e resolvesse escrever um filme sobre internet, resultaria em “Cam“, a novidade da programação da Netflix. O roteiro, escrito pela ex-camgirl (aos desconectados: garotas que se exibem em lives em troca de pagamentos, normalmente em bitcoins) Isa Mazzei, é algo como se “Mulholland Drive” (“Cidades dos Sonhos”) fosse ambientada no glamour do Pornhub, em vez de em Hollywood.

A narrativa beira ao surrealismo. Porém, se não perder o fio da meada, tudo faz sentido. Trata-se de uma camgirl (interpretada pela ótima Madeline Brewer, a Janine de “The Handmaid’s Tale“) que, num belo dia, vê-se trocada por uma cópia de si, um dopplegänger, no site pornô no qual trabalha e fatura. Com o tempo, descobre-se que se trata de um cenário bem mais no estilo de “Cidades dos Sonhos” de Lynch.

A identidade real e a virtual da moça se confundem, como as nossas por vezes se misturam na vida para valer. Troque a camgirl por um usuário assíduo de Facebook, Instagram, Twitter ou YouTube, e a loucura na qual entra a protagonista se torna não só palatável, como verossímil, bem parte da vida contemporânea.

Reflete-se sobre a obsessão por seguir e ser seguido no mundo de redes sociais. Acerca de demonstrar felicidade e realização, a qualquer custo, em tuítes, instas, lives. Do vício em ver os outros e se mostrar para os outros. Da dependência crescente de gadgets de todos os tipos; smartphones, tablets e o que mais se inventar daqui para frente. De como a intensa rotina online nos faz esquecer das responsabilidades off-line. E, principalmente, de como a somatória disso tudo nos leva a traumas, depressões e a, muitas vezes, destruir relacionamentos reais com familiares e amigos.

“Cam” é uma aventura cheia de revelações e reviravoltas. Seria fácil soltar spoilers. Por isso, não darei mais detalhes do roteiro, em si, para não estragar o prazer de ser instigado.

Continua após a publicidade

Adianto, no entanto, que o fim cai como uma enorme provocação. É um daqueles filmes com os quais temos pesadelos diurnos. A história persegue. Àqueles que gostam de não apenas se divertir com o que se vê na black mirror da TV ou do computador, o aviso: pode ser que se lembre das desventuras da camgirl sempre que se notar por tempo demais no Facebook; compartilhando nudes ou fake news no WhatsApp; pulando de vídeo para vídeo no YouTube; ou mesmo ao acessar o Pornhub.

****
A comparação do título, com Black Mirror, tem motivo. Para quem viu a série, será natural lembrar dos episódios mais memoráveis, das primeiras três temporadas, como o celebrado “Nosedive” (primeiro da terceira temporada).

Assim como, com “Cam”, resgata-se a força da retomada da ficção científica nestes anos de 2010 – que havia dado uns passos para trás com a última temporada do mesmo “Black Mirror” (tanto que a indústria hollywoodiana, incluindo aí o Netflix, estava mais apostando no “terror” como a linguagem para a década de 2020).

Acompanhe este blog no Twitter, no Facebook e no Instagram.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.