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Vítima das mudanças climáticas, café já custa quase 50 reais o quilo

Preço do grão moído registrou uma alta de aproximadamente 33% no acumulado dos últimos 12 meses até novembro

Por Ernesto Neves Atualizado em 20 dez 2024, 13h24 - Publicado em 20 dez 2024, 12h01

Gravemente afetada pela seca e pelas altas temperaturas, a produção de café despencou em 2024, o que tem resultado na disparada do preço da bebida.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (10), o grão moído acumulou alta de quase 33% nos últimos 12 meses. Um recorde.

Como resultado, nas gôndolas dos supermercados, o pacote de 1 kg está sendo comercializado, em média, a R$ 48,57, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Para efeito de comparação, em janeiro esse valor era de R$ 35,09.

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A atual escalada nos preços acontece porque desde o primeiro semestre de 2024, as regiões produtoras de café, como Minas Gerais e São Paulo, enfrentam longos períodos estiagem.

Esse clima extremo enfraqueceu os pés, que, para economizar energia e sobreviver, perderam muitas folhas.

Além disso, as chuvas que começaram durante a florada, um período crucial para seu desenvolvimento, não foram suficientes para reverter o enfraquecimento dos grãos.

Uma crise que se agrava lentamente

Nos últimos anos, especialistas vêm alertando que o café será um dos produtos mais afetados pela crescente instabilidade do clima, um fenômeno que tem como raiz o aquecimento global. Isso porque a planta não aguenta temperaturas elevadas.

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Avaliada em mais de 200 bilhões de dólares anuais, ou 1,2 trilhões de reais, a indústria do café enfrenta desafios sem precedentes à medida que o planeta aquece.

As plantas dessa cultura, especialmente a espécie arábica — que representa cerca de 60% da produção mundial —, são extremamente sensíveis às variações de temperatura e precipitação.

O café cresce melhor em uma “zona ideal” — nem muito quente, nem muito fria. Porém, com o aumento das temperaturas globais, regiões tradicionais de cultivo, como Brasil, Colômbia e Etiópia, estão se tornando menos adequadas.

Estudos estimam que, até 2050, cerca de 50% das áreas de cultivo de café atualmente utilizadas poderão ser consideradas imprestáveis.

Para se adaptar, os agricultores estão movendo suas plantações para altitudes mais elevadas, onde as temperaturas são mais amenas. No entanto, essa mudança é custosa em várias regiões, resultando na queda dos volumes de produção.

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Além das temperaturas em elevação, eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, tornaram-se mais frequentes e severos devido às mudanças climáticas.

No Brasil, maior produtor de café do mundo, a seca de 2021, que castigou Minas Gerais, foi seguida por geadas inesperadas, devastando plantações e elevando os preços do café ao maior patamar em sete anos.

Essas condições climáticas irregulares não só reduzem os rendimentos, mas também comprometem a qualidade dos grãos, interrompendo as cadeias de suprimentos e pressionando os preços para cima.

O aumento das temperaturas também está favorecendo a proliferação de pragas, como a broca do café, e de doenças, como a ferrugem do cafeeiro. Problemas que antes eram restritos a determinadas regiões estão agora se espalhando para novas áreas, dizimando plantações e dificultando a manutenção de uma produção consistente.

Produção de café arábica em El Salvador, em 2023: colheita despencou como resultado do El Niño
Produção de café arábica em El Salvador, em 2023: colheita despencou como resultado do El Niño (Getty/Getty Images)
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Efeitos econômicos em cascata

Os custos crescentes de produção, desencadeados pelos desafios climáticos, são repassados ao longo da cadeia de suprimentos: dos agricultores aos exportadores, torrefadores e, por fim, aos consumidores.

Pequenos agricultores, que respondem por cerca de 80% da produção mundial, são particularmente vulneráveis. Muitos não têm os recursos necessários para se adaptar às mudanças climáticas, levando alguns a abandonar a cafeicultura.

O que está sendo feito?

Para enfrentar a crise, governos, ONGs e empresas do setor cafeeiro estão investindo em pesquisas para desenvolver variedades de café mais adaptadas ao clima e práticas agrícolas sustentáveis.

Instituições como o World Coffee Research Institute trabalham no desenvolvimento de plantas que suportem temperaturas mais altas e sejam mais resistentes a pragas e doenças.

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