Série de mordidas de peixes leva à interdição de lagoa em Bonito
Ao menos 30 pessoas procuraram atendimento após mordidas na Praia da Figueira; espécie amazônica, o tambaqui pode ter causado parte dos ataques

Um dos balneários mais movimentados de Bonito (MS), a Praia da Figueira, teve a lagoa artificial interditada após uma série de mordidas de peixes em turistas. Apenas neste ano, ao menos 30 pessoas procuraram atendimento médico relatando ferimentos provocados dentro d’água. Em um dos casos mais graves, uma mulher perdeu parte do dedo da mão.
A interdição foi determinada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) no fim de março, após alerta da prefeitura de Bonito. O restante das atividades fora da água, como trilhas e áreas de lazer em terra, foi liberado posteriormente, após pedido do empreendimento. A lagoa artificial, no entanto, segue fechada por tempo indeterminado, com exigência de barreiras físicas e educativas para impedir o contato de banhistas com os peixes.
O que está acontecendo na Praia da Figueira?
Localizada na zona rural de Bonito, a Praia da Figueira é um complexo turístico privado com alta circulação de visitantes. Próxima ao Rio Formoso, a lagoa artificial do balneário reúne quiosques dentro d’água, um mirante com vista para o rio e uma área rasa onde os turistas costumam boiar para observar os peixes — um dos principais atrativos do local.
Entre as espécies introduzidas artificialmente na lagoa estão pacus, dourados, matrinxãs e tambaquis. Este último tem chamado atenção das autoridades ambientais. Originário da bacia amazônica, o tambaqui é conhecido por ter dentes semelhantes a molares humanos e grande força de mordida, por se alimentar de frutos duros e castanhas.
Segundo a prefeitura de Bonito, mais de 80% dos ataques registrados na cidade neste ano aconteceram na Praia da Figueira. A presença da espécie amazônica no lago pode ter contribuído para a gravidade dos incidentes, incluindo um caso que resultou em oito pontos no dedo de um turista em 2023.

Medidas em andamento
A Praia da Figueira informou que instalou fitas de isolamento, reforçou a equipe de orientação aos turistas e montou uma barreira de contenção para os peixes. Também se comprometeu a elaborar um plano de manejo para a retirada das espécies da lagoa artificial.
Enquanto a lagoa segue interditada, a prefeitura de Bonito acompanha o caso por meio da Fundação de Turismo, e afirma que o atrativo deverá ser adequado às normas de segurança e proteção ambiental.