Restauração ambiental gera empregos e remoção de gases da atmosfera
Investimento em recuperação de ecossistemas promove renda e avanços no combate ao aquecimento global
Em 5 de junho, data em que se comemora o Dia do Meio Ambiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a Década da Restauração de Ecossistemas. De acordo com a ONU, o planeta está perdendo 4,7 milhões de hectares de florestas anualmente. Ao longo do século passado, metade das áreas úmidas do mundo secaram. Por isso, a iniciativa tem como objetivo incentivar a recuperação de áreas degradadas ou destruídas como ferramenta para combater a crise climática global e melhorar a segurança alimentar, o fornecimento de água e a biodiversidade.
Segundo a ONU, entre 2021 e 2030, a restauração de 350 milhões de hectares de ecossistemas terrestres e aquáticos poderá gerar 9 trilhões de dólares em serviços ecossistêmicos. Com as soluções ecológicas, a iniciativa também poderia remover entre 13 e 26 gigatoneladas de gases de efeito estufa da atmosfera. De forma prática, a restauração pode ocorrer de diversas maneiras: reflorestamento de áreas desmatadas, despoluição de rios e implementação de áreas verdes nas cidades.
De acordo com um estudo do instituto de pesquisa WRI, 2 bilhões de hectares no mundo têm algum grau de degradação. No Brasil, o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), vinculado ao Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), identificou 69 milhões de pastagens com degradação moderada ou severa.
O WRI Brasil analisou demandas em diferentes regiões do país. No Vale do Paraíba Paulista, há a oportunidade de melhorar o solo, a água, e gerar um aumento do PIB agropecuário da região em 32%. No norte do Espírito Santo, a restauração desempenha um papel crucial para o fornecimento de água, evitando a desertificação. Em Minas Gerais, na região atingida pelo rompimento da barragem de Mariana, a restauração pode aumentar o PIB local em R$ 23 milhões.
Na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, com áreas de pastagens degradadas e regiões impactadas pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015, as oportunidades com restauração poderiam trazer uma receita adicional de produção de R$ 848 milhões a R$ 1,5 bilhão. Além disso, a região poderia sequestrar de 9,9 a 10,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente por ano.
De acordo com a especialista em Restauração Florestal do WRI Brasil, Luciana Alves, “as estratégias de restauração precisam estar alinhadas com fiscalização, monitoramento e controle da perda da cobertura florestal para que as ações sejam realmente efetivas para que tenhamos um saldo positivo”.
De acordo com o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), um esforço de recuperação em larga escala da vegetação nativa pode gerar entre 112.000 e 191.000 empregos rurais diretos por ano. Por meio do Planaveg, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, além de implantar a agricultura de baixo carbono em outros 10 milhões de hectares, também com o objetivo de recuperar pastagens.