Proposta para a Amazônia defende fim imediato do desmatamento na COP26
Iniciativa Uma Concertação pela Amazônia lançou agenda de desenvolvimento sustentável para enfrentar desafios históricos da região
Na COP26, a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, grupo que reúne mais de 250 organizações e 400 lideranças, lançou o documento Agenda pelo Desenvolvimento da Amazônia, que reúne propostas para o desenvolvimento sustentável da região que contemplam a diversidade e a complexidade das paisagens e dos territórios.
O painel de lançamento da proposta foi realizado no Brazil Climate Action Hub, estande da sociedade civil na COP26, e contou com a participação de Samela Sateré-Mawé, comunicadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e fellow do Instituto Arapyaú, Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé, e Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade.
Na abertura do evento, Roberto Waack, presidente do Conselho do Instituto Arapyaú e um dos fundadores da Concertação, afirmou que o grupo defende o “fim imediato do desmatamento. Não é possível continuar com o desmatamento e não é possível dar um prazo para que ele seja absolutamente terminado”. Neste sentido, a proposta passa por quatro pilares de ação: áreas conservadas (onde a floresta predomina); áreas em transição, que estão em processo de conversão não consolidada – o chamado “arco do desmatamento”; áreas convertidas (o uso do solo é voltado para agricultura e pecuária); e as cidades.
O documento detalha frentes de atuação específicas, como: estimular a economia, desenvolver instrumentos fiscais e mecanismos financeiros, garantir o ordenamento territorial e a regularização fundiária, investir em ciência tecnologia e inovação, desenvolver a infraestrutura e trabalhar com questões indígenas. Além disso, há frentes de atuação estruturantes, como educação e segurança.
Ao falar sobre a importância dos povos originários para a preservação da Amazônia e da diversidade de etnias que existem no Brasil, Samela Sateré-Mawé afirmou que os indígenas precisam ser respeitados ao serem incluídos nos espaços de tomada de decisão. “Não há como falar sobre questões ambientais e crise climática sem levar em consideração os principais defensores do meio ambiente, que são os povos indígenas”, afirmou.
Na sequência, a ex-ministra Izabella Teixeira declarou que, após a COP26, as nações terá muito trabalho em seus países. “É evidente que não basta mais falar só entre governos. A sociedade terá que estar preparada para se engajar, tomar decisões e se responsabilizar por elas”, disse.
Com relação à segurança da região, Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, destacou que é necessário resolver questões centrais, como a criminalidade, que envolve desmatamento, garimpo ilegal, tráfico de drogas e de animais. “Uma das causas da degradação é a criminalidade. Tem sido usado um argumento econômico, para o qual a gente precisa olhar, mas a criminalidade não se justifica por aí. Se quisermos resolver a transição para uma economia da floresta de pé, é possível fazermos isso”, disse.
Por fim, Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade, concluiu dizendo que lembrou que a Concertação nasceu porque, por muito tempo, os brasileiros de fora da Amazônia deram as costas para a região. Por outro lado, uma pesquisa recente mostrou que 97% dos brasileiros concordam que a floresta amazônica faz parte da identidade nacional. “Mas a gente, como sociedade, demorou a acordar e a priorizar esse tema.”
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