Principal rodovia de Corumbá é tomada pelo fogo do Pantanal
Incêndio se alastra em várias direções, inclusive em boa parte do acesso entre a cidade e a capital de Mato Grosso.
O fogo no Pantanal tomou proporções surpreendentes até mesmo para os ambientalistas, que já esperavam um ano difícil. As condições climática nada favoráveis são conhecidas: o planeta está 1,2 grau mais quente e ainda sob as consequências de um ano de El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e aumenta a intensidade do clima.
Desde janeiro os incêndios no Pantanal não dão trégua, ganham áreas cada vez maiores e se espalham em diferentes direções. A região concentra um terço de todos os incêndios florestais e de vegetações que estão em curso no país. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos primeiros dezenove dias de junho, as queimadas aumentaram em 3.000% no Pantanal.
Até a última quinta-feira, 20, a estimativa era de o fogo ter consumido uma área equivalente a duas cidades de São Paulo. Em apenas três dias, essa conta subiu para três capitais paulistas. Dos estados pantaneiros, Mato Grosso é o mais atingido. Neste domingo, as labaredas se alastraram por boa de parte da Rodovia 262, principal acesso entre as cidades de Corumbá e Campo Grande, mas também seguiram pelas margens do Araguaia, que corta o estado verticalmente, formando assim uma cruz de fogo.
Os moradores da cidade Corumbá estão em alerta desde sexta-feira, quando acordaram assustados ao avistarem o horizonte próximo tomado pelas chamas, como se fosse uma muralha incandescente. “A noite de sábado foi assustadora”, disse o coronel Angelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro, que criou uma brigada de combate ao fogo, em 2020, ano marcado pela tragédia do até então pior incêndio da história do bioma. As queimadas deste ano superaram em 39% a soma de áreas atingidas há quatro anos. A fumaça que estava apenas nas regiões ribeirinha começa a afetar a cidade.
Reforço
Só no sábado, o combate ao fogo em Corumbá recebeu reforço de dois helicópteros, um enviado pelo governo estadual e outro pelo Ibama, além de um avião capacitado para despejar água no bioma. O governo federal prometeu mais três aeronaves, que devem chegar esta semana. O governo mato-grossense liberou brigadistas para regiões estratégicas como Poconé, Barão de Megaço e Cárceres.
Tecnologia
“Os focos de incêndio são controlados por satélites, que possuem atraso de mais de dez horas nas imagens”, diz Rabelo, apontando para a necessidade de uma tecnologia mais ágil nesse processo. Além disso as regiões incendiadas são densas e distantes, o que dificulta muito o trabalho dos brigadistas.