O novo Papa é verde? Sustentabilidade e meio ambiente no papado de Leão XIV
Perfil de novo líder católico mostra que ele pode ter papel de destaque nas discussões sobre a crise climática

O novo papa pode conduzir a Igreja Católica a uma era de maior compromisso com a preservação ambiental. Leão XIV, anteriormente conhecido como Robert Prevost, atuou como bispo em Chiclayo, no Peru — cidade situada nas proximidades da floresta amazônica.
Segundo a Associated Press, Prevost estreitou vínculos com redes inter-religiosas voltadas à proteção ambiental, como a Iniciativa Inter-religiosa para Florestas Tropicais, além de organizações indígenas.
Essas articulações colocam a defesa das florestas e os direitos dos povos tradicionais no centro da atuação da Igreja. Prevost também presidiu a Pontifícia Comissão para a América Latina, ampliando seu contato com países amazônicos.
Há, portanto, expectativas globais de que o novo pontífice siga o legado ambiental do Papa Francisco, priorizando temas como mudanças climáticas e justiça ecológica.
A escolha de Leão XIV como novo líder da Igreja Católica abre caminho para a continuidade de um processo profundo de renovação espiritual e escuta coletiva iniciado por seu antecessor, o Papa Francisco.
Desde o início de seu pontificado, Francisco convocou católicos de todo o mundo a participarem do Sínodo, um processo sinodal que busca ouvir as vozes da base da Igreja.
Em paróquias de todos os continentes, fiéis se reuniram em mesas redondas para compartilhar esperanças, críticas e visões sobre o futuro da fé, contribuindo para uma construção mais horizontal do catolicismo contemporâneo.
O apelo à escuta mútua foi tão forte que, em seus últimos dias de papado, Francisco pediu que o processo sinodal continuasse indefinidamente.
Ao escolher o nome Leão XIV, o novo pontífice envia uma mensagem clara de continuidade e aprofundamento desse espírito de escuta e transformação.
A escolha remete diretamente ao Papa Leão XIII, autor da histórica encíclica Rerum Novarum, de 1891, que inaugurou a doutrina social da Igreja ao tratar das condições de trabalho durante a Revolução Industrial.
O documento defendia salários justos, o direito à organização dos trabalhadores e denunciava os abusos do capitalismo nascente. A evocação de Leão XIII sugere que o novo papa pretende aplicar esse legado a desafios atuais, como as desigualdades globais, a pobreza contemporânea e as crises ambientais.
Com forte sensibilidade ecológica herdada do pontificado anterior, Leão XIV parece determinado a colocar o cuidado com a criação no centro da missão católica. Sua primeira aparição na sacada do Vaticano incluiu o apelo “Caminhemos juntos” — uma referência direta ao processo sinodal e à necessidade de unidade frente aos grandes dilemas globais.
Para teólogos, essa escolha simbólica ecoa a de Jorge Mario Bergoglio ao adotar o nome de Francisco — uma homenagem ao santo que via a natureza como parte da família humana.
A influência de um papa em tempos de emergência climática é profunda. Como autoridade moral de 1,4 bilhão de católicos, o papa ocupa o que muitos consideram o maior púlpito do mundo.
Pode moldar consciências, mobilizar comunidades e influenciar a política internacional. Francisco já havia demonstrado esse poder ao publicar a encíclica Laudato Si’ antes da COP21, contribuindo para o êxito do Acordo de Paris. Também promoveu encontros inéditos com executivos das maiores petrolíferas do mundo, cobrando responsabilidade ambiental em nome da fé.
Leão XIV, por sua vez, traz um perfil diferente. Como norte-americano, fala com familiaridade às democracias ocidentais e à lógica do capitalismo global.
Isso pode ampliar sua capacidade de diálogo com líderes políticos e empresariais, sem que sua mensagem seja minimizada como expressão exclusiva de teologias do Sul Global.
Assim, o novo papa reúne legitimidade espiritual e autoridade cultural para enfrentar, de forma direta, as injustiças socioambientais do século XXI.
A visão cristã que Leão XIV parece abraçar reforça a ideia de que o amor ao próximo passa, necessariamente, pela proteção do planeta.
O dano ambiental, em última instância, compromete o bem-estar humano — especialmente dos mais pobres. Assim, fé, justiça social e ação climática tornam-se, sob o novo papado, partes inseparáveis de uma mesma missão.