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‘Muito discurso’, diz ativista indígena Alessandra Munduruku sobre COP29

Ela teme que a COP30, que será realizada em Belém, no ano que vem, seja uma “armação”

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 nov 2024, 08h00

Como foi a COP29, no Azerbaijão? Faltou o que eu chamaria de ação climática. O dinheiro aprovado para cumprir o Acordo de Paris não dá para nada. Muito discurso. No Brasil, o governo federal gastou o equivalente a 51 bilhões de dólares para reconstruir o Rio Grande do Sul após as enchentes. E isso foi para apenas um estado, um evento extremo. A COP aprovou 300 bilhões de dólares anuais para as emergências climáticas globais. Eles pagam o silêncio, a culpa da alta emissão, e não o impacto do aquecimento.

O que deveria ter sido feito? É preciso ouvir as populações expostas aos impactos do fenômeno. Talvez assim houvesse um entendimento maior das necessidades. Tem muito negacionista das tragédias ambientais. Fui para a COP dar um recado para quem tem coração de pedra. As pessoas precisam sair do ar condicionado para sentir o clima. A gente, o povo indígena, vê o rio enchendo e secando. Sabemos quando a floresta está doente. E o que acontece lá se reflete nas cidades. A fumaça das queimadas deixou cidades, como São Paulo, com o céu escuro. Não estamos lutando para preservar o nosso território, mas o planeta.

Os protestos, como os liderados pela senhora, funcionam? Sim. Eles não gostam. Mas deram um quadradinho, no Azerbaijão, para que eu e mais dez pessoas pudéssemos levantar cartazes com frases como “Ferrogrão, não!” (nome do projeto da construção da ferrovia, que começa em Mato Grosso e passa no limite das terras do povo munduruku, no Pará). Temos um grupo grande de resistência, apesar de muito brasileiro achar que não existe mais indígena no país. O projeto da ferrovia nem foi aprovado e tem gente oferecendo caminhonete como moeda para comprar terras. A Ferrogrão vai aumentar a devastação. Nossa população já está doente. As mulheres foram contaminadas pelo mercúrio do garimpo ilegal. Os garimpeiros vão ganhar mais uma via de acesso, além do barco e do avião. Também vai aumentar a exploração da soja, que polui nossas águas, que devasta a mata.

Qual é a expectativa para a COP30, de Belém, no ano que vem? Vejo as caravelas de Pedro Álvares Cabral descendo mais uma vez no Brasil. Na COP de Belém, o governo vai negociar as nossas terras. Há toda uma armação, projetos de lei em curso, para que nossas terras não sejam mais demarcadas nem protegidas. É preciso respeitar a Constituição.

Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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