Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Meio ambiente entra na agenda do mercado, mas Brasil enfrenta desafios

Interesse por investimentos sustentáveis está crescendo — hoje, no entanto, significa menos de 1% do total investido

Por Luisa Purchio Atualizado em 4 jun 2024, 13h39 - Publicado em 11 jun 2021, 06h00

Normalmente previsíveis e marcadas por temas da rotina corporativa, as reuniões do conselho de administração da petroleira americana ExxonMobil tornaram-se nos últimos meses cenário de uma batalha. Um pequeno fundo de investimento chamado Engine No. 1 conseguiu, nas reuniões das últimas semanas, emplacar três representantes no colegiado com um objetivo explícito: mudar a estratégia da companhia que, entre 2006 e 2011, foi a mais valiosa do mundo. Para surpresa dos executivos que comandam a petrolífera, os conselheiros-ativistas do Engine No. 1, até então ilustres desconhecidos, conseguiram rapidamente o apoio dos representantes de colossos das finanças como os fundos BlackRock, Vanguard e State Street. Coeso, o bloco forçou os líderes da Exxon a adotar uma estratégia radical de redução da pegada de carbono da petroleira, em um ritmo muito mais rápido do que o planejado. Aos derrotados, coube acatar a decisão — que, diga-se, rendeu resultados animadores e maiores que de seus concorrentes, com a valorização das ações da empresa em 45% desde dezembro.

Do grupo vencedor na batalha da Exxon, o colosso BlackRock, administrado pelo financista Laurence Fink, é o mais poderoso e emblemático representante dos novos ventos que sopram em Wall Street, a meca das finanças, em Nova York. Com uma carteira de investimentos de 9 trilhões de dólares sob sua administração, sinaliza ao mercado que empresas que não respeitarem princípios ambientais e de boa governança corporativa passarão a ser excluídas de seu portfólio de investimentos. É um movimento que segue a passos firmes nos Estados Unidos depois de ter se consolidado na Europa. Estima-se que o montante gerido por fundos dedicados a aplicar apenas em negócios sustentáveis chegue a 30 trilhões de dólares mundo afora. Metade disso é dinheiro europeu, enquanto outros 7,5 trilhões têm origem em território americano.

arte Fundo Verde

No Brasil, apesar de ainda serem a uma fração do total, o interesse por investimentos sustentáveis está crescendo vertiginosamente. Em janeiro de 2020, o patrimônio líquido acumulado por esses fundos era de 1,42 bilhão de reais e, em maio de 2021, bateu em 2,48 bilhões de reais, um crescimento de 74%. Mas há desafios para que esse mercado ganhe robustez e relevância — hoje significa menos de 1% do total investido. “Carecemos de um mapeamento adequado do mercado no Brasil. Exibir a nomenclatura da sustentabilidade por aqui não significa necessariamente adotar critérios reconhecidos”, avalia Carlos Takahashi, presidente executivo da BlackRock Brasil e diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Continua após a publicidade

Para superar essa deficiência, o mercado começa a criar um arcabouço próprio para certificar tais investimentos e evitar o que se chama de greenwashing — uma espécie de maquiagem politicamente correta que não corresponde à realidade. “Recomendamos que 67% de um fundo com definição sustentável seja destinado a projetos socioambientais e o restante não pertença a ativos prejudiciais”, diz Nataly Briquet, da consultoria EY e do Laboratório de Inovação Financeira, que aconselha a CVM no tema. À parte as dificuldades de certificação, o país tem um potencial promissor a ser explorado. Assim como aconteceu com os acionistas da Exxon e de centenas de grandes empresas, a ideia de que o futuro é verde também se torna praticamente inquestionável por aqui.

Publicado em VEJA de 16 de junho de 2021, edição nº 2742

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.