Mapa exclusivo mostra concentração do fogo hoje no Pantanal
Ibama atualiza locais onde as labaredas voltaram a arder e calcula que incêndios já consumiram o equivalente a cinco cidades de São Paulo.
Do começo do ano até esta quarta-feira, 24, o fogo consumiu 802 875 hectares do Pantanal, o equivalente em área a cinco cidades de São Paulo, de acordo com o levantamento atualizado do Ibama, realizado com exclusividade para a VEJA. Finalmente, agora em julho, os incêndios deram uma trégua de duas semanas, motivada pela queda na temperatura do ambiente e da umidade do ar, condições climáticas que ajudaram também a dispersar a fumaça, que havia invadido Corumbá. Mas quando todos respiravam mais aliviados na cidade, no início dessa semana, as queimadas voltaram. “O fogo não foi extinto, apenas esfriou. Estava adormecido no subsolo do bioma”, explica Márcio Ferreira Yule, coordenador de incidentes do Ibama, que conhece bem a área e já esperava por esse retorno.
O Ibama também fez um mapa atualizado das regiões novamente abaladas pelos incêndios. A maior concentração se mantém, como antes, no entorno de Corumbá, capital de Mato Grosso do Sul, principalmente ao norte, onde o fogo já avançou para a fronteira da Bolívia, e a leste. Ao sul do estado, há focos no limite com o Paraguai. Em Mato Grosso, os focos são em menos extensos, em menor número, apenas quatro, e mais espaçados. Veja o mapa abaixo:
Brasa quente:porque o subsolo não esfria
O fogo que aparentemente estava controlado, na verdade, continuava queimando silenciosamente no subterrâneo da região. O Pantanal sofre um dos mais complexos tipos de incêndio florestal, o que atinge a turfa, uma espécie de tapete de material orgânico acumulado no solo, que pode alcançar vários metros de profundidade. Mesmo quando parece não haver fogo, há brasas encobertas, esperando a chance de ressurgirem em chamas.
Há locais que as labaredas atingem 4 metros de altura. As equipes trabalham 24 horas em revezamento. No total, há mais de uma centena de homens treinados. São brigadistas do Ibama e militares, além de reforços recebidos de outros estados. “Não faltam recursos por aqui”, diz Yule. Há pelo menos dez aviões e dois helicópteros atuando no combate ao fogo, que jogam água nas regiões mais críticas e de difícil acesso durantes o dia. “A questão é mesmo complexa.” A previsão é que as equipes continuem ali até outubro.